Eu fui. Quem não foi?

Eu fui. Quem não foi ?

A gente assiste a tantos assaltos na tevê, mas pensa que só contra outros. Principalmente na cidade onde moramos. Puro engano. O perigo encontra-se em todos os cantos, em cada esquina, em cada quadra.

Outro dia, voltando do almoço, próximo a casa, deparei com dois pivetes. Um deles jogou-me contra o muro e outro me apontou uma faca no ventre. A rua estava deserta. Pediu-me o celular. Não uso, disse. Entreguei R$60,00 e o relógio. E saíram calmamente, alertando-me para não denunciá-los.

Li recentemente em revista dada pela Aiko, artigo misto de religioso e filosófico, que na vida tudo se resume em causa e efeito. Se for assaltado é porque também assaltei, nesta vida ou na vida passada. Na atual nunca roubei ou assaltei alguém, isso tenho certeza. Mas na outra, se a teoria estiver certa, devo ter sido um assaltante perigoso. Pois vejam o que já me aconteceu:

Quando gerenciava uma agência do BB lá no Paraná, fui assaltado duas vezes. Só levaram todo o dinheiro do banco e as armas dos vigilantes.

Numa ocasião, atravessava o viaduto bem movimentado que liga os dois centros comerciais lá em Brasília, em pleno dia, dois grandalhões emparelharam ao meu lado e solicitaram, amigavelmente, a carteira.

Certo dia, saquei algum dinheiro lá na Líbero Badaró e peguei o ônibus para a Paulista. Em plena Consolação, dois trombadinhas tentaram tirar as cédulas do meu bolso. Alertei o motorista. Ele parou o ônibus e abriu a porta. Os dois aproveitaram para fugir.

Numa tarde estava encostado na parede assistindo a uma dança típica paraguaia na Praça da Liberdade. Aproximou uma moça bonita, bem vestida. Perguntou se podia falar comigo. Concordei. Ela então abriu a bolsa e segurando um revólver pediu o dinheiro que possuía nos bolsos. Sorte é que, já macaco velho, colocara a maior parte do dinheiro dentro do sapato.

Por isso tudo, é que no final do ano me vesti de branco e fui à praia prestar reverência à Iemanjá.