Homens devem ganhar mais do que as mulheres
Se as mulheres indignadas com o título desta crônica lerem o texto até o final, talvez soltem os tijolos destinados à minha cabeça.
Quem me conhece sabe que fui criado entre mulheres: mãe, três irmãs, sobrinha e Lupita, minha cachorra. (Pois é, até meu bichinho é fêmea!) Aprendi a respeitar esse sexo (nada) frágil e tratar seus espécimes de igual pra igual. Às vezes, muito igual mesmo. Minhas irmãs e eu saímos na mão várias vezes. E o sexo (nada) frágil sempre levava a melhor: eu apanhava. Mas não vamos voltar a hematomas passados. Disse isso para tentar ganhar a simpatia de vocês para me ouvirem até o final. Vamos lá!
Desde a Bíblia, em que as adúlteras eram apedrejadas e os homem saíam incólumes (Abaixem os tijolos, meninas, ainda estou explicando!), as mulheres lutaram por justiça e igualdade entre os sexos. E, ano após ano, galgaram seus espaços. Até ao Palácio do Planalto elas já chegaram.
Mas uma de suas maiores reivindicações à sociedade era o direito de ganhar igual ao homem por um cargo semelhante. Eu acharia muito justo isso se não existissem algumas (Algumas, hein!) garotas que insistem em achar que o homem deve pagar a conta delas. Ora, se ele deve pagar a conta dele e também a dela, então ele teria de ganhar mais do que ela para equilibrar. Isso sim seria justo. O problema está no argumento dessas moças para pensarem assim:
- E o cavalheirismo? Não se fazem homens como antigamente...!
Antigamente, minha filha, a sociedade não permitia que as mulheres trabalhassem e as que trabalhavam ganhavam mal. Então aí até justificaria que nós bancássemos vocês. Os tempos são outros. Vocês não lutaram por igualdade? Então: com grandes igualdades vêm grandes responsabilidades.
Existem garotas que pensam nesse tipo de cavalheirismo e outras que descaradamente acham que o homem deve bancar mesmo a mulher.
Eu me lembro do caso de uma garota por quem fui apaixonado há muitos anos. Estava encantado por ela. Ficávamos juntos algumas vezes e eu queria namorá-la. Mas percebi que ela só saía comigo aos domingos à tarde. Isso porque conhecia minha rotina e sabia que, aos domingos, eu almoçava no shopping. Como ela não queria cozinhar, ia comigo para eu pagar o almoço dela. Quando me dei conta disso, fiquei arrasado. Acabou o encanto. Mas o beijo era bom. Continuei saindo com ela de vez em quando, mas sem aquele nobre sentimento que inicialmente eu nutria por ela. Avaliei a situação e concluí que um prato de comida no shopping era barato comparando-se aos beijinhos bons que ela dava. O que ela faria se eu a levasse ao Figueira Rubayat?
Desculpem, meninas, sei que o que escrevi aí em cima é um pouco forte, uma ofensa mesmo, mas até hoje, todas as vezes em que me lembro da situação, eu me sinto usado. Ninguém gosta de se sentir usado.
Também tenho total consciência de que o caso aí de cima é o caso isolado de um tipo de pessoa que não vale a pena. Algumas de vocês podem ter alguma amiga que faz esse tipo de coisa e vocês com certeza a reprovam.
Mas voltemos ao cavalheirismo.
Sinceramente acho que rachar a conta seria o mais correto, mas tem aquela situação em que o cara convida a garota para sair já com (as melhores) segundas intenções. Quer impressionar. Ele já pensa em pagar a conta mesmo, mas, quando o garçom chega com ela, a garota não se mexe, não fala nada, fica na dela, olha para o outro lado, vai ao banheiro... O rapaz, que pensa em namorá-la, construir um futuro a dois, compartilhar tudo (Tá, tem cara que tem outros tipos de segundas intenções, eu sei), já enxerga ali um preview do relacionamento: ele bancando tudo; ela querendo tudo na mão e ele se matando de trabalhar. Aquela visão muda tudo. Ele até paga a conta daquela vez, mas quem impressionou mal foi a garota. Pode ser que ele perca o encanto por ela e não queira mais chamá-la para sair. Ou pior: transforme o sentimento puro em uma segunda intenção... er... bem... vocês sabem!
Segurem os tijolos!
Não estou dizendo que todos os homens são santinhos. Sei que tem caras que bancam a menina já esperando no mínimo uns beijinhos. Mas também tem caras que querem algo mais sério com as garotas. São desses que estou falando.
Voltemos ao caso e pensemos em outra situação: o garçom traz a conta e a garota abre a bolsa:
- A gente vai rachar, viu?
O cara estufa o peito, toca na mão dela, sorri e diz:
- Não, não. Você é minha convidada!
Ela ainda insiste.
- De forma alguma! Você não tem que fazer isso.
E ele, ainda sorrindo:
- Mas eu quero!
Tentando acabar com o impasse, ele:
- Façamos assim: a próxima você paga. Assim você fica me devendo um segundo encontro.
Ela sorri e concorda. Viram? Ela causou uma ótima impressão com ele e não colocou a mão no bolso! Na verdade, ela poderia nem ter a intenção de fazer isso, mas o teatrinho deixou a situação confortável para todo mundo.
Meninas, claro que não acho que o homem deve ganhar mais do que a mulher. Igualdade sempre!
Mas se posso lhes dar um toque, não imponham o cavalheirismo a nós, homens. Deixem que queiramos ser cavalheiros. Vocês ainda não se deram conta de que nós achamos que mandamos no mundo quando vocês fazem isso veladamente há tanto tempo?
Acredito que, com tais argumentos, devo ter aplacado a fúria de muitas de vocês e posso ir pra casa tranqu... Ai! Minha testa tá sangrando! Tá legal, quem foi?
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