DAR O RECADO E...
A propósito de uma discussão a respeito de redações de textos, alguém disse que escrevo pouco na tentativa de dizer muito; que sou muito sintético; que economizo palavras, quando poderia ser mais prolongado, e até que sou frio em meus escritos.
Recordei-me, à ocasião, de um comentário do laureado Monteiro Lobato com referência ao estilo, que dizia assim:
“Compreendo o estilo em literatura como fiel mensageiro encarregado de transmitir ao leitor as idéias de outro.
“Servo, escravo, “próprio” que deve ter as qualidades dos bons serviçais: brevidade, simplicidade, humildade, fidelidade, passividade.
“Há-os, porém, tafues, pernósticos; servos mal educados que não dão o recado sem que preambulem por conta própria e fiquem a maçar o leitor com exibições alheias ao caso. O caso é sempre o mesmo: dar o recado com humildade de servo e safar-se”.
Às vezes, no campo da literatura, na oportunidade à análise de certos textos dá para alarmar-se...
No mundo profissional é um desastre o que se vê: um memorando, que deve ter concisão, onde se deve dizer o máximo com o menor número possível de palavras, no qual se deve ver precisão de termos, clareza, quase sempre há mais prolixidade, menos os itens aludidos.
Em matérias de serviço público, nas quais as expressões devem ser livres de emoções, isentas de sentimentos, frias como a expressão das fórmulas matemáticas, deparamos com algumas que, por pouco, não trazem enredo novelesco...
Não obstante, existem os bons mensageiros, que dão o recado e se safam em poucas palavras. Porém, estes são encontrados em número reduzido, seja no mundo das letras, no campo profissional, no serviço público em nível municipal, estadual ou federal.
Por esta razão, como é preferível escrever pouco, dando o recado; como desejo aprender a ser um bom mensageiro, não quero me estender, arriscando a cometer mais erros, vou parando por aqui...