O último pingo

Recomendo às moças mais puritanas que nem comecem a ler esta crônica porque falaremos de piupius e pererecas. Insistem? Tá bom, depois não digam que o texto é de mau gosto.

Vocês conhecem a expressão cheiro de cueca suja? Já imaginaram o motivo de uma cueca ter esse odor nojento? É por causa de outra expressão: o último pingo é sempre na cueca.

Por mais que o homem, após mijar (porque homens mijam, mulheres fazem xixi e médicos urinam) chacoalhe o negócio (muitas vezes causando respingos no banheiro inteiro) é impossível manter a cueca seca.

Com as mulheres isso acontece menos porque, desde mocinhas, as mães as ensinam a enxugar a perereca (eu queria chamar de outro nome carinhoso, mas só é legal na hora do vamos ver) com um pedacinho de papel higiênico. Mas com os meninos funciona diferente porque os pais talvez se constranjam em tocar no assunto com o filho. Normalmente não falam sobre sexo, que é mais importante. Sobre enxugar o pintinho também não devesse ser prioridade na cabeça deles.

O fato é que, pelo menos eu, nunca tive nenhuma orientação de meu pai em relação a isso, e cresci com a cueca com o cheiro tradicional, que honrava a expressão popular. Até que, um dia, num shopping chique de São Paulo, fui usar o banheiro e, ao lado do mictório, tinha um dispensador de papel. Enquanto eu mijava (coisa de macho!) fiquei olhando aquele negócio sem ter ideia para o que ele servia. Terminei o mijo (coisa de macho!) e fiquei ali na mesma posição. Precisava saber para que servia, então fiquei ali, esperando alguém usar o papel. Pensei talvez que, enquanto mijam (coisa de macho!), os homens enxugassem a testa, limpassem as lentes dos óculos... Enfim, que aproveitassem melhor o tempo ali parado. Até que um rapaz foi ao mictório ao lado do meu. Eu olhava pra frente, mas de rabo de olho, esperando o rapaz puxar o papelzinho. Quando ele colocou a mão no papel, eu virei a cabeça e olhei, sem que ele percebesse (coisa de viado!). O cara tava enxugando a ponta do piupiu com o diabo do papelzinho com todo o cuidado do mundo. Parecia uma madame limpando a boquinha com um guardanapo. Quando ele se virou, quem não percebeu fui eu e continuei olhando, até me dar conta da situação e, constrangido, olhar os olhos do cidadão, que me encarava. Com certeza seria ali a primeira surra da minha vida se o rapaz não tivesse sorrido e olhado para o meu também. Guardei minhas coisas e preferi lavar as mãos no outro banheiro, que ficava do lado oposto do shopping.

A partir daquele momento, passei a fazer como a tal madame enxugando a boquinha com um guardanapo e minhas cuecas, com cheiro de Omo quando as visto, continuam com tal cheiro quando as tiro.

Mas devo confessar o quanto é difícil bancar a madame limpinha no dia a dia, porque nem sempre nós, homens, temos a sofisticação de um shopping como aquele para ter instalado ao lado da privada um dispensador de papel na altura de um homem em pé. O bom e velho papel higiênico fica mais pra baixo, na altura de quem usa o vaso sentado. E é aí que mora o problema.

Quando se está apertado, louco para mijar (olha o macho aí de novo!), a única coisa que se pensa é abrir o zíper e se aliviar. Depois que termina, o homem vai querer enxugar a pontinha do piupiu, mas o papel está muito baixo. Aí fica o cara segurando o instrumento com a ponta úmida com uma mão, curvando os joelhos, enquanto tenta alcançar o papel lá embaixo. É uma cena patética!

Bom, as meninas devem estar se perguntando cadê o toque para as mulheres nesta crônica?.

Meninas, já assistiram àqueles filmes em que o casal chega em casa se agarrando no corredor mesmo e vão deixando as roupas pelo caminho e terminam na cama depois de um sexo animal?

NÃO FAÇAM ISSO!

Tomem um banhozinho primeiro. Deem exemplo para os homens. Não vale comentar com eles o que eu disse aqui porque senão posso apanhar na rua e nem saber o motivo.

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