Vaidade

“Vaidade das vaidades”, diz o Senhor. Mas somos todos humanos, não tem como fugir dela! E não foi por isso mesmo que desembarcamos neste planeta?

O Senhor vai me desculpar, mas eu que até um dia desses, não tinha mais que duas mudas de roupa, um par de calças, uma rasteira e uma “japonesa”, eu que, até dia desses, para fazer uma viajem, pelo tempo que durasse esta, não levava na sacola mais do que uma toalha de rosto, duas calcinhas, uma muda de roupa e uma escova de dente, veja só onde e como me encontro.

Pois bem, aqui estou: Excesso de bagagem e uma taxa a mais após muito aborrecimento! “Ora moça, são só oito quilinhos a mais...” eu até tentei argumentar com a garota do “check in”, esperando um tal de vôo 357 com destino à (...) doida p’ra fumar um cigarro (maldita lei do “ar politicamente correto”), tremendo nas bases por conta de não ter estudado as leis da física de maneira a compreender como um troço pesado desses consegue ficar suspenso no ar ( se bem que nem suspenso ele fica, o troço decola, viaja, aterrissa, volta p’ro lugar de onde veio)! E, ainda assim, mesmo que essas tais leis eu conhecesse, ainda não estaria de todo convencida. Mas enfim, “Vaidade das vaidades”, diz o Senhor.

O Senhor me desculpe, mas se o homem fosse feito p’ra voar, teria asas (quem era mesmo que tinha asas? Icaro? Não, Icaro queria mesmo um par de asas p’ra ver o sol mais de perto! Fascinação pelo “astro rei”, vaidade...).

Mas eu encaro essa por vaidade! Eu até queria que fosse diferente, mas até acho melhor que seja assim, hoje as pessoas me vêem diferente, por vaidade, porque o que eu tenho de melhor nem se vê a olho nu. Ninguém te dá valor se você não está bem vestido, cabelinho penteado... (lembro da época em que não se precisava espichar o cabelo cada vez que saísse de casa, bastava passar uma água na cabeça p’ra grudar os cabelinhos uns nos outros e tchau!)

“Vaidade das vaidades”, diz o Senhor. Mas que raio de gente é essa que ainda não percebeu que quando a gente morre vai tudo se transformar na mesma coisa?

Na verdade, quem quer saber disso? O povo quer mais é aproveitar o que a vida pode lhes dar de melhor, e se esta não os dá o “melhor” que eles acham que merecem, é porque eles não o merecem.

No meu caso, eu procurei! Eu quis. E agora não adianta mais arrepender. “To lascada”, como diz aqui na minha terra. Cheia dos “rique-fifi”, já dizia meu pai, de partida para a viajem dos meus sonhos, com o amor da minha vida, porque eu quero casar. Quero casar de verdade!!! Papel passado, anel de casamento, beijinho na boca e lua de mel.

“Vaidade das vaidades”, diz o Senhor.

O Senhor tem um calmante ai?

Kátia Santvs
Enviado por Kátia Santvs em 27/12/2010
Código do texto: T2695080