OLHOS DE NATAL

Era uma sexta feira. Noite. Quente...24 de dezembro. As pessoas se abraçando, se cumprimentando, desejando um ao outro feliz natal. E você não estava lá. Estava em casa. Talvez esperando que alguém viesse para te dar um forte abraço. E como por impulso fomos a sua procura. Lá em vez de nós lhe entregarmos um presente, você nos deu o presente mais valioso que esse natal nos reservava: seus olhos de natal. Eram olhos de paz, de serenidade, de contemplação até. Ao pegar no pequeno panetone nas suas mãos, seus olhos ficaram intensos e desconcertantes ainda. Eram olhos que no mesmo momento que pediam, doavam, alegria, felicidade, esperança. Não era um olhar comum. Seus olhos naquela noite tinha o brilho de estrelas, quem sabe daquela mesma estrela que teria guiado os magos ao encontro do recém nascido. Eram brilhantes de uma claridade sem limites. Não pude observar se em algum momentos eles se encheram de água, porque os meus estavam molhados de lágrimas. Não lágrimas amargas, tristes, mas lágrimas de certeza de que um milagre de natal acontecia bem ali, na minha frente. Exatamente um milagre. Aquilo que não se explica, não se define, não se consegue entender, mas tem um poder e uma força descomunal que mexe com toda a nossa estrutura. Foram segundos talvez que aqueles olhos brilharam. Mas foi suficiente para nunca mais esquecer o brilho que deles exalou naquela noite de natal de 2010. E nós que fomos ao seu encontro para lhe entregar uma pequena e insignificante lembrança pela passagem do aniversário de Jesus fomos surpreendidos recebendo o melhor presente que poderiamos receber naquele momento: toda paz, serenidade, alegria, fé e esperança que alguém pode passar para alguém. Talvez nem você mesmo tenha percebido isso. Talvez sequer tenha se dado conta que seus olhos brilhavam de forma incomum ou ainda não prestou atenção que aquele brilho nos atingia e nos enchia de felicidade. Talvez não conseguiu entender a falta de reação, ou então o abraço vacilante e inseguro. Mas como não ficar inseguro diante de tanto brilho? como não ficar vacilante com tamanha demonstração de fé e de carinho? como reagir diante de um acontecimento tão inesquecívél? Desculpe. Não tenho as respostas. E mesmo que as tivesse elas jamais poderiam descrever o que vimos naqueles olhos, naquele momento. Desculpe a falta de capacidade de descrever. E tenho certeza de que todos os que lerem essa crônica, poderão até chegarem perto do que sentimos. Mas só quem sentiu é que sabe a intensidade e a beleza dos seus OLHOS DE NATAL. Um presente inigualável. Uma manifestação inconteste de que Deus realmente nasceu e continua atuando na vida dos homens. E acima de tudo uma grande, uma imensa lição de vida. Obrigado pelo presente de natal que nos Deus. Com certeza ele será sempre lembrado.

Homenagem a Vanusa Hammer, a dona dos olhos descritos na crônica.