FIM DE ANO
FIM DO ANO
Diz um texto de Drummond: O fim do ano não é o fim de tudo"
Mas bem que parece. De repente, a gente quer botar em dia tudo que deixou de fazer o ano inteiro. Quer falar com as pessoas, mandar mensagens, reiterar amizades, ratificar o querer bem a alguns, retificar o não querer bem a outros, passar o ano a limpo - como se fosse possível. Mas a gente tenta. Telefona, manda cartões, mensagens virtuais, faz o bem que não fez durante o ano, distribui coisas, dá presentes, reúne a família, remenda tecidos esgarçados pela convivência, aperta mãos, beija rostos, sorri, lembra dos que já foram embora, chora um pouco, mas vê o que ainda resta e volta a sorrir. Valeu a pena mais um ano. Que venha o próximo e que seja melhor, que traga tudo de bom que este não trouxe. E acreditamos nisso. Temos que acreditar, porque assim é que se constroem as coisas que farão parte do balanço do final do próximo ano e porque, como disse Vinícius, "Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados /Para chorar e fazer chorar /Por isso precisamos velar /Falar baixo, pisar leve, ver a noite dormir em silêncio. /Não há muito o que dizer: /Uma canção sobre um berço /Um verso, talvez de amor /Uma prece por quem se vai — /Mas que essa hora não esqueça/ E por ela os nossos corações /Se deixem, graves e simples. /Pois para isso fomos feitos: Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia."
Que tudo se realize no ano que vai nascer!
Desejo isso de coração às pessoas que vieram aqui, e que me enriqueceram com o toque humano de suas suas palavras.