DIA DE REIS: DIA 6 DE JANEIRO
 
Recolhi o presépio, esenti.   
                                                    
 Primeiro peguei os Reis Magos: o Baltazar, um rei asiático trazendo ouro nas mãos, sinal de realeza;
depois o Gaspar, um jovem rei africano trazendo incenso nas mãos, para louvar os deuses;
depois peguei o velho rei europeu Belquior trazendo nas mãos a mirra, uma resina usada para perfumar e embalsamar os reis.


 Depois recolhi nas mãos, a Nossa Senhora ajoelhada, um mimo, feito por um ceramista, e seu filho o Menino Jesus, não mais que o tamanho de um e meio centímetro, também um mimo,
 
e finalmente peguei o São José que estava de pé meio inclinado vendo seu filho.


Lembrei de meu pai que dizia pra gente, os filhos, que não havia inferno, que este era aqui na terra mesmo, mas que, no céu havia músicas celestiais e ele era devoto de São José. Lindo isso...


Cada figurinha, coisa de uns quatro ou cinco centímetros de altura. Uma casinha de madeira estilizada, artesanato formado por um telhadinho apoiado em uma parede de madeira ao fundo, dois pilares na frente, dois pauzinhos.


Um resto de Natal na minha cultura e sensibilidade. Depois vem o DIA SEIS DE JANEIRO,


Dia seis de janeiro, tradicionalmente é o Dia dos Reis e é o dia de desarmar o Presépio.


 Nem tenho mais nenhuma religião, pois já acho que cada um de nós é um templo de Deus e amar a Natureza é uma Oração.


  Mas to quase chorando por confessar estas coisas que nascem do meu sentimento e memória.
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  Quando criança, em família católica mineira, família de meus pais e seus cinco filhos, a chegada do Natal era muito bonita, e havia todo um espírito da chegada do Menino Jesus.

Era uma história linda. O casal precisa se recolher a uma proteção e encontra a manjedoura e pastores. E ali Maria dá à luz Jesus.


Enrola-o em panos e o põe na manjedoura, imaginada limpinha, forrada de palha ou feno seco, afofando o leito pra Ele.


José, carpinteiro, ajeitava o lugar para aqueles dias passarem protegidos.


 E uma estrela do céu desceu mais baixo e brilhando muito, vinha em direção a eles indicando o caminho para os reis Magos, reis de outras nações que vinham, eles reis, postar-se diante do Rei dos Reis, Jesus.

           
E, nas vésperas do nascimento de Jesus, nosso presépio tinha um longo caminho serpenteando em curvas e iluminado pela Estrela de Belém, de modo que cada Rei andava um pouco mais a cada dia que passava.


Nós todos é que mexíamos neles, botando-os um pouquinho mais pra frente até chegar a noite de 24/25 de dezembro em que se postavam diante do Menino Jesus e o homenageavam com presentes:
o ouro (ao Rei),
o incenso (ao Deus),               
e a mirra (ao Homem).

           
Em Visconde de Rio Branco quase todas as casas faziam seus presépios, supercriativos. E cada ano mais incrementado de casinhas e personagens novos.


Na nossa casa, o nosso tinha um lago na paisagem que era um espelho sobre uma mesa baixa, rodeado em parte por areia fina apanhada no rio, imitando terra e estrada, e também musgos colhidos nas pedras úmidas dos lugares da cidade, quintais. No lago, patinhos nadando, Nos pastos, ovelhas e um pastor de barbas brancas.


 A cada ano melhorávamos a beleza do nosso presépio com a participação de todos. Com o correr dos anos, eu é que fiquei com esta tarefa, e o fazia com muito gosto. Regava-se o musgo para ficar sempre vivo.


No ambiente familiar havia alegria, esperança e paz. E todo mundo ganhava presente de “Papai Noel” no seu sapatinho sob a árvore, na manhã de 25!

           
Hoje não tenho religião, respeito todas as culturas e religiões, acho que eu sou a religião.
A gente vai inventando o mundo em que vivemos.


Mas ainda guardo a beleza desses sentimentos natalinos, que me dá muita tristeza também.

Meus filhos desenvolveram o gosto também por estas coisas, pois é algo precioso que une a família dispersa.


É muito doce essas atitudes, a gente guarda a tristeza num cofre, e curte a alegria com a família e amigos.

           
Assim, no dia seis de janeiro encerro este capítulo do ano que passou.

           
Ao lembrar meu pai neste escrito, confesso que chorei. Sentida. Por ele parecer um intelectual e olhando as coisas mais cientificamente, ele era de uma humildade escondida, e muito discretamente ele deixava saber que era devoto de São José, parecido com ele, e de Santa Terezinha em quem tinha muita fé.


Pensar nele é pensar em toda a família, em Minas, em cheiro de manjericão e alecrim, em pães doces, em amor e proteção.