E os gatos?
Por Rodrigo Capella*
O gato se parece muito com um homem solteiro. Odeia segunda-feira, come pizza toda semana, gosta de sair de casa sem hora pra voltar e, freqüentemente, vai até a casa da vizinha pedir um pouco de comida. Para você entender esse mundo felino tão complexo, fazemos a seguir algumas observações. Quem sabe você, leitor, não acaba trocando o lindo Rex por um Garfield de bigodes brancos.
O produtor musical Júlio Amaro, descreve Natasha, sua felina vira-lata de 13 anos, como uma gata anti-social, geniosa e medrosa. “Se chega uma visita, ela rapidamente se esconde embaixo do sofá para se proteger. Ela só faz festa pra mim e não é sempre. Tem dias que eu chego em casa e ela não vem me recepcionar”.
Calma, Júlio. O veterinário Carlos Curti explica que isso ocorre porque os gatos, diferente dos cachorros, são mais independentes e conseguem se divertir sozinhos com mais facilidade. “Na evolução das espécies o cão se apresenta como um animal de matilha, o que facilita o convívio e as relações sociais, já os gatos são caçadores individuais o que os capacita a uma existência mais solitária. Os felinos não são tão apegados a seus donos quanto os cachorros, porém são carinhosos e gostam de receber carinho”.
Os gatos são também espertos e inteligentes, garantem os veterinários. Julio sabe muito bem disso e até hoje se surpreende com Natasha. A gata entende várias palavras e chega a cumprir algumas ordens. “Quando falamos para Natasha tomar sol, ela salta rapidamente em direção á janela e fica lá durante horas, curtindo a vida. Quando falamos que tem um mosquito na sala, a gata olha para cima como se estivesse procurando o inseto”.
Vamos a algumas dicas. Para donos e gatos terem uma convivência tranqüila, Carlos dá a receita: os felinos necessitam de lugar específico para fazer suas necessidades fisiológicas, água sempre disponível e escovação semanal, além de lugar limpo e confortável para descansar.
Ingrid Menz, veterinária e gerente de serviços técnicos da Fort Dodge Saúde Animal, complementa e aconselha os donos a oferecerem somente ração, evitarem dar carne crua, e cortarem as unhas do felino a cada quinze dias, evitando assim que o gato arranhe o sofá. E tem mais: gatos não precisam ser levados para passear duas vezes por dia e fazem suas necessidades em caixinhas de areia, sem que ninguém precise ensiná-los. “Eles também não precisam tomar banho constantemente, pois não têm cheiro. São silenciosos, carinhosos e ideais para criação em apartamento, pois dormem enquanto seu dono trabalha fora. Não destroem capachos ou sapatos, não latem, nem choram porque estão sozinhos”, observa Ingrid.
Depois dessas dicas, está na hora de você abrir a carteira e presentear o seu gato com algumas novidades. A Pet South America 2006, por exemplo, lançou recentemente creme rinse, gel dental, coleiras com cristais, divãs e até caminhas com estofamento em seda. Dá pra acreditar?
Se você ainda não se apaixonou por esse mundo felino, Ingrid lança um desafio: “uma semana é o tempo suficiente para que o homem se apaixone pelo gato”. Você, leitor, topa fazer esse um teste?
(*) Escritor e poeta. Autor de vário livros, entre eles "Transroca, o navio proibido", que vai ser adaptado para o cinema pelo cineasta Ricardo Zimmer. Informações: www.rodrigocapella.com.br