O JANTAR ESTÁ NA MESA.
O JANTAR ESTÁ NA MESA.
- Tome uma atitude de homem, afinal você já tem 28 anos!
Este era o José Horácio falando para sí mesmo diante do espelho.
José horácio, filho único da viuva Maria Aparecida. Mãe superprotetora e dominadora, viuva há cinco anos, vivia escravizando o pobre coitado do filho, fingindo-se hipocondríaca, tendo um acesso da doença que estivesse na "moda", toda vez que ele avisava que iria passar o fim de semana na casa de Lurdinha (um pequeno sitio afastado da Capital).
Lurdinha, sua namorada de infância, acabara se casando com um promissor advogado, o Rogerio Rodrigues, e, enviuvara de forma um tanto estranha ainda na Lua-de-Mel. Os jornais da cidade noticiaram que ele estava envolvido com um grupo "da pesada" sem esclarecer o que queriam dizer com essa afirmação. Ele fôra encontrado morto em seu carro, dentro de sua garagem. Causa mortis: asfixia/insuficiência respiratória.
Logo após a viuvez prematura de Lurdinha, José Horácio começou a visitar a antiga namorada -com quem não se casara na juventude, não por culpa dele próprio ou dela mas, por culpa, não de outra pessoa, senão da mesma mãe dele, a "matriarca" Maria Aparecida.
Diziam as más linguas que o jovem Ze Horácio se parecia muitissimo com o falecido pai e que a velha via no filho a imagem do jovem Oficial da Aeronáutica por quem fora tremendamente apaixonada e devota.(complexo de Édipo nesta historia? Não!) Já que não se trata de repetir aqui uma copia(ruim, diga-se de passagem haja visto quem a escreve)do drama grego, sigamos nossa narrativa pelos verdadeiros caminhos a que ela pertence.
José Horácio decidira-se, finalmente, pedir Lurdinha em casamento, a despeito dos protestos da mãe. O faria neste fim de semana. Daria à mãe os medicamentos que a suposta enfermidade exigisse e iria com seu melhor terno, a melhor garrafa de champanha e um bouquet(seria melhor dizer:ramalhete!)de flores para formalizar seu pedido.
Maria Aparecida, como sempre agonizou numa enxaqueca, numa febre colérica que assolava a cidade, mas José Horácio estava irredutível. Foi feliz da vida para o encontro do seu passado, presente e futuro.
Abrimos um parêntese em nossa história para a noticia do jornal sensacionalista no dia posterior à nossa narrativa: "Uma capotagem espetacular na Rodovia 451, na altura do qiulômetro 66, do Monza dirigido por José Horácio Fernandes, 28, que veio a falecer instantaneamente. Uma infeliz coincidência envolveu a mãe do imprudente motorista morto nesse acidente: Sua mãe, Maria Aparecida Fernandes, na noite de ontem, após sentir uma forte dor de cabeça, ingerira varios tipos de medicamentos vindo a falecer por intoxicação ao dar entrada no PS do bairro".
Lurdinha fechou o jornal, ficou pensativa por alguns minutos, pegou o telefone e marcou um encontro com o redator do jornal que publicara a noticia. Saiu de casa, foi até o estabulo, pegou seu potro de estimação e foi dar um passeio pelas redondezas. Perto do riacho que corta as propriedades de Lurdinha, o portro se assusta com um pequeno roedor que passara à sua frente e saiu numa louca disparada, derrubando a amazonas que ao bater a cabeça numa rocha enorme, foi de encontro à eternidade, imitando os outros personagens desta história.
Não havendo mais personagens vivos nesta narrativa, achamos por bem encerrar neste ponto, antes que este quem a escreve venha a morrer de fome...pois a empregada acabou de avisar que
O JANTAR ESTÁ NA MESA...
Pedro Gonzalez