COITADO DO PERU!

"Era véspera de Natal. No quintal, o coitado do peru chorava, chorava, com medo de morrer. À sua volta, outros animais tentavam acalmá-lo mas estavam todos com dó dele. Coitado do peru! Será que ele escapa do afiado facão da impiedosa cozinheira?"

Este trecho de uma história infantil, de autoria de Patricia Gwinner, me despertou o desejo de escrever sobre um tema que, talvez, não seja do agrado de muita gente. Falo da matança de animais, que se acentua em épocas de festas, especialmente no Natal e fim de ano.

Existe um paradoxo que é difícil explicar e, sinceramente, eu não consigo entender. As pessoas protestam, lutam pela defesa dos animais, mas continuam a matá-los. No Natal qual é o prato principal? O coitado do peru. Ou o chester, que é uma galinha geneticamente modificada. Celebramos o nascimento de Jesus matando perus. Por quê? Porque é tradição! Tem gente que se recusa a matar, que jamais entraria num frigorífico, mas consome! Festivamente, com água na boca, olha e degusta o animal, esquecendo que foi um ser vivo e teve uma morte cruel. Entre abraços e desejos de paz, vão desossando e mastigando o bichinho.

O costume de comer peru no Natal iniciou com os norte-americanos. Que me desculpe o meu amigo Dante Marcucci, mas não resisto e digo: tinha que ser! O hábito de comer peru na noite de Natal surgiu nos EUA, em 1621, no Dia de Ação de Graças, quando serviu-se peru selvagem como prato principal. Tudo bem que, naquela época, o peru foi importante para matar a fome dos primeiros colonos ingleses... Mas, hoje, em pleno século XXI, ser ele prato obrigatório na Festa de Ação de Graças ou no Natal, já virou hipocrisia! Tem gente que chega ao extremo de dizer que Natal sem peru, não é Natal! E eu pergunto: por quê?

Para mim, Natal tem outro significado. Não preciso encher o estômago; preciso, sim, renovar minha fé, meus valores e celebrar o amor em família. Além do mais, respeitar os animais não é apenas tratar bem o cão ou o gato de estimação. É, também, não se deixar induzir por costumes e propagandas que enriquecem os fabricantes, às custas da dor de um ser vivo.

Que me perdoem os que pensam diferente. Respeito as opiniões em contrário. Esta é a minha forma de pensar e encarar esse costume milenar de matar animais. Por isso me tornei vegetariana. E não morri por isso. Pelo contrário, gozo de ótima saúde e meu jeans de hoje tem o mesmo número de 20 anos atrás.

Giustina
Enviado por Giustina em 27/12/2010
Reeditado em 24/02/2014
Código do texto: T2693209
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