Treinando para morrer nas ruas

“Uma cidade democrática prioriza a vida quando pensa em espaço urbano, e não os automóveis”. Foi esta a mensagem que Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá e consultor internacional do Institute for Transportation and Development Policy (ITDP), quis passar em palestra proferida durante a Convenção Mobilidade Sustentável na Renovação Urbana. “É impossível desenvolver um sistema de transporte sem saber a cidade que queremos”, disse o ex-prefeito de Bogotá, responsável por uma verdadeira revolução social e ambiental na capital colombiana.

A capital João Pessoa está piorando a cada dia no quesito mobilidade da população, cada vez mais espremida nas ruas cheias de automóveis. Comprei uma biccileta para me deslocar de casa ao centro, que fica a cinco minutos de pedalada, mas nem tenho espaço para trafegar nas ruas e muito menos lugar para guardar a “magrela”.

Decidir se as ruas serão destinadas às pessoas, e não a automóveis particulares, é uma decisão política e ideológica, não técnica, conforme pensa Enrique Peñalosa. Dizem que noventa novos automóveis entram no trânsito de João Pessoa diariamente. Conforme cálculos de especialistas, nesse ritmo a cidade estará totalmente congestionada em menos de dez anos. Interessante o raciocínio de Peñalosa: “Sei que, em qualquer constituição, os cidadãos são iguais perante a lei. Isso significa que um ônibus com 70 lugares deveria ter 70 vezes mais espaço nas vias do que os carros”. Nossa malha cicloviária é ridícula. Dizem que a Prefeitura pensa em mudanças estruturais no trânsito de João Pessoa. É urgente. Enquanto isso, seria bom se os automobilistas respeitassem os transeuntes e não estacionassem nas calçadas que “devem ter o tamanho do coração”, segundo Peñalosa.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 26/12/2010
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