UMA TRISTE REALIDADE

"Onde o medo está presente, a sabedoria não consegue estar."

(Lucius C. Lactantius)

Se fôssemos visitados por alguém de fora de nosso planeta, qual seria a imprensão sobre nós dos visitantes? Com certeza iriam estranhar um punhado de coisas. A começar pelas vias públicas, construídas para locomoção. Observa-se durante o transcurso, no meio da rua a presença de obstáculos de cimento, aparentemente um contra senso, visto que impede o trânsito normal dos veículos auto-motivos. Nas moradias, cadeados, cercas, muros são outros obstáculos encontrados nas concentrações humanas chamadas cidades.

Os seres desse planeta vivem trancados em verdadeiras jaulas, pensaria o ET quando chegasse aqui em nosso planeta. Qual seria o motivo que os habitantes do planeta azul viverem cercados de todos esses aparatos? Um pensamento surgiria naturalmente entre esses visitantes extras terráqueos: "algo não anda bem entre eles, pois nota-se também, nos lixões das cidades, que um bando de indivíduos esfomeados disputa as sobras do restante da população, apesar de tanta abundância disponível".

Pelos olhares e expressão facial de toda humanidade observa-se uma tensão muito grande, fruto de insegurança aparentemente injustificada. Pois, os humanos estão no topo da cadeia alimentar, não sofrendo ação predatória de nenhum outro representante do reino animal. Todos os subsídios para sua subsistência são garantidos pelos recursos naturais. Então, Por que, tanto medo? Por incrível, que possa parecer, esse medo é originário da relação entre os indivíduos da própria espécie. O homem é agressivo por natureza e é compelido naturalmente há impingir sofrimento aos seus semelhantes.

Nota-se uma indiferença grande pelo sofrimento do outro. Gosta de dominar, impor a sua vontade. Quando contrariado fere e mata sem nenhuma parcimônia. Diverte-se assistindo cenas de violência. Come mais do que o necessário, mesmo que isso represente a morte de outros tantos por inanição. Prefere jogar fora o excedente disponível, do que disponibilizá-lo para os despossuídos. Afinal, são mais de 800 milhões de pessoas desnutridas em todo mundo, onze mil crianças morrem de fome todo o dia, é um absurdo. Por outro lado, são assassinadas mais de 1,6 milhões de pessoas a cada ano.

Esse estado de insegurança, de verdadeira guerra acompanha a humanidade desde o seu surgimento. A diferença entre o homem da caverna e o atual, é que este último usa terno e gravata, corta o cabelo e barba com regularidade, no mais, continua o mesmo animal violento de outrora. Será que são todos assim? O viajante interplanetário inquiriria. Afinal são mais de 6, 8 bilhões de viventes. Com certeza devem existir espécimes mais evoluídos, incapazes de tantas barbaridades. Infelizmente, o traço dominante é de uma espécie altamente destrutiva. Que não respeita definitivamente seus pares, e o meio em que vive, caminhando assim, a passos largos para sua autodestruição.

João da Cruz
Enviado por João da Cruz em 26/12/2010
Reeditado em 06/01/2014
Código do texto: T2692241
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