O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL

Entra ano, sai ano, e as coisas continuam do mesmo jeito. Como dizia o sábio Salomão, nada há de novo sob o sol. É natal outra vez. Outra vez nos deixamos levar pelo “clima” natalino.

Por mais que nos esforcemos, acabamos cedendo às investidas do deus do consumo. Não há como fugir disso. Às vezes, dizemos que vamos fazer somente comprinhas. São apenas algumas lembrancinhas para nossos filhos, pais e amigos. Mas, acabamos presos às teias tecidas pela propaganda, pelo marketing e nos deixamos enredar em um mundo de luzes e de cores. Caímos na rede do consumo por impulso. Não dá para resistir! O chamamento é muito forte. Há uma espécie encanto no ar. Quem, porventura, sairia incólume de um “Shopping Center”? É tudo tão bonito, tão colorido! Acho que ninguém escapa. É um mimo daqui, outro dali e lá se vai o nosso tão ansiado décimo terceiro salário. Mas, para que serve, mesmo, o décimo terceiro salário, senão para essas pequenas extravagâncias!

No entanto, todos nós sabemos que o Natal não é só consumo. É infinitamente mais. Embora não seja palpável, pode ser sentido pelos que têm uma sensibilidade mais aguçada. Há, além disso, tudo, uma espécie de magia no ar. Há um Espírito pairando sobre nós. Sim, um doce e Santo Espírito em busca de abrigo nos corações humanos.

Por isso, o Natal deve ser tempo de reflexão. Ser tempo de perdão e de encontros. É tempo de balanço, de prestação de contas. Infelizmente, poucos são os que atentam para esse lado do natal. Muitos ficam apenas no lúdico ou, meramente, no consumo. Consumimos como quem busca um lenitivo para suas angústias e carências existenciais. O que fizemos ou deixamos de fazer, não importa. Não queremos dar ouvidos à voz da nossa consciência que nos incita a reavaliar valores, crenças e prioridades. É nesse ponto que renovamos as promessas não cumpridas no ano que se finda. É quando prometemos ir mais à Igreja; fazer uma dieta; praticar esportes; cuidar mais da saúde; visitar mais os parentes e amigos e, por aí vai.

E assim, encontramos um escape para as cobranças da alma e do espírito. E, como nada de novo houvesse acontecido, seguimos com a nossa vidinha medíocre, ou seja, voltada exclusivamente para a satisfação do nosso eu. Enfim, a nossa vida se resume numa frenética busca por bens materiais e por toda sorte de prazeres carnais. Afinal, a vida é curta e merece ser vivida com intensidade, dizemos. Tudo, porém, é uma questão de valor. Como diz o evangelho, onde estiver o seu tesouro, ali estará o seu coração. Não deveria ser assim. Quiçá pautássemos a nossa existência por valores que permanecem. Ah, se pudéssemos sentir a dor do outro; se partilhássemos das suas necessidades; se tivéssemos fome e sede de justiça. Certamente, seríamos bem-aventurados. Infelizmente, transferimos essa responsabilidade para os poderes constituídos ou para as instituições religiosas. Afinal, precisamos cuidar da nossa própria vida. Se não, quem cuidaria de nossa casa? Quem poria o alimento sobre a nossa mesa? Quem pagaria as nossas contas? Estas são algumas das desculpas que damos para irmos tocando a nossa vida de forma tão medíocre. Deixamos de lado o verdadeiro sentido da vida. Portanto, neste natal, reavaliemos a nossa vida. Perguntemo-nos se ela faz algum sentido. Será que temos procurado melhorar a vida dos outros, tanto dos de perto quanto os de longe? Sejamos mais solidários, mais abertos, mais acolhedores. Sejamos, pois, uma extensão da mão de Deus abençoando os mais necessitados. Feliz Natal.

Dez/2010