Crônicas do Zé - Aniversário
Aniversário é um dia que o Zé não gosta nem um pouco... Não é por causa da idade, o Zé não gosta mesmo é de ter que ficar sorrindo para todo mundo que lhe dê bons votos, acha falsidade tanto dele que sorri quanto daqueles que falam com ele.
Nos dias em que faz aniversário, Zé costuma levantar na ponta do pé para que ninguém da casa acorde e venha fazer aquela farra. Por mais que pareça radical o Zé não liga de receber parabéns, é que ele sabe que depois dos parabéns vai começar aquele interrogatório:
_ “Vai chegar que horas do trabalho? Vai para faculdade? Vai comemorar seu grande dia?”.
_ “Não sei, não sei e não sei. (Eles devem pensar que sou idiota de não perceber que farão uma festa “surpresa”)”.
Festa surpresa, o Zé odeia... Nunca é surpresa e quando é, dá mais raiva ainda porque o Zé pensava que ia se livrar de uma.
No trabalho do Zé, todo mudo vem falar com ele como se fosse amicíssimo de infância, na faculdade é a mesma coisa, mas com direito a musiquinha...
Zé passa o dia, vai pra casa e ouve alguém o chamando no portão. Quando vai até lá se depara com um fusca cor de rosa cheio de corações colados e um cara tipo locutor de promoção de mercado lendo uma mensagem para ele:
_ “Quem foi que fez isso!”
_ “Esse é o recado do coooraaaçãããooo! Alguém que te ama muito resolveu te mandar um mensagem do amooor!”
_ “Alguém que me ama? Quem ama não faz um negócio ridículo desse! Vai embora!”
_ “Ora, ora, meu jovem não posso sair daqui sem terminar de ler linda mensagem para vooocêêê!”
(Os vizinhos corriam para ver o ocorrido)
_ “Leia para as paredes, estou indo...”
Zé entra em casa e encontra tudo apagado:
_ “Eu mereço”
_ “SURPRESA!!”
_ “De fato estou “surpreso”...”
Então vem mais uma rodada de “parabéns pra você”, junto com os presentes padrões (cueca, meia, carteira, cinto, etc.). Acaba a festa, Zé fica feliz de ter os amigos junto a ele (apesar do espetáculo desnecessário) e deseja ter muitos anos de vida, mesmo sabendo que filmes como esses sempre se repetem...
_ “É só uma vez por ano, é só uma vez por ano, é só uma vez por ano...”.