Filosofia de boteco

Todos falavam ao mesmo tempo, ninguém escutava nada do que eu tinha pra dizer. Lógico que as minhas idéias eram mais importantes! Eu precisava esclarecer a todos a minha ideia de um mundo ideal. Isso mesmo! O assunto era política!

No meio de tantas salivadas, dedos na cara, risadas forçadas e de tamanhos blá-blá-blás; eu tomei à dianteira: falei em um tom grave, meio que sério.

Entre meus achismos, soltei uma verborragia de primeira e balancei a cabeça diante das posturas de meus ‘companheiros’. Tudo não passava de teatro, é claro! Mas os gestos falavam mais do que palavras e todos ficaram admirados!

Com tamanha eloqüência terminei o discurso. As pessoas só não aplaudiram porque não queriam dá o braço a torcer.

A parte mais cômica é que por causa das minhas palavras, todos ficaram satisfeitos como se o mundo tivesse sido salvo.

Depois, aos poucos, todos entraram em concordância, inclusive o rabugento do Mário. Com os ânimos apaziguados, começaram a pagar a conta e irem embora. Mesmo assim, solitariamente continuei no boteco, enchi a cara e, olhando pela janela, via um mundo de ponta-cabeça.