PRESERVANDO A FERRAMENTA

UMA MEDIDA DISCIPLINAR EFICAZ ou

PRESERVANDO A FERRAMENTA!

O ano? Talvez 2000. O mês? Maio ou junho! O local? Um dos conceituados colégios biculturais alemães de São Paulo. Os protagonistas? Bem! Esses conheceremos ao longo da narrativa.

O coordenador do ensino médio, lidando com aqueles adolescentes com hormônios em ebulição, a cada dia convivia com um montão de adolescentices (com perdão desse neologismo horroroso!), coisas da natureza. Mas esse não, esse não foi um casinho típico não. Ou melhor, foi sim, mas a medida é que não foi ortodoxa.

Pedro era um garotão com os hormônios além do normal da ebulição. Definamos melhor: um taradinho precoce. Tava na terceira série do ensino médio, ali pelos 17 anos. À proporção que os hormônios iam ebulindo (e isso era diariamene!), ele ia botando as manguinhas de fora (e felizmente eram só as manguinhas!). Passava a mão numa garota, passava noutra, noutra mais... Elas reagiam, mas não o suficiente para espantá-lo. Daí a começar a encoxá-las não tardou! E se esfregava nelas com o vigor dos seus 17 anos!!! Era dantesco pelo contexto: dentro de uma sala de aula e aquela excitação toda!

Elas reclamavam com ele e nada do guri tomar jeito. Até que uma ficou enfurecida e foi falar com o tal coordenador, que imediatamente chamou o guri pra sua sala:

– Escuta aqui, o moleque dos infernos, o que é isso? Uma aluna veio dizer que você está encoxando as meninas na sala e ela não gostou nada disso! Pedro, você vai parar com isso imediatamente ou... Não quero te chamar aqui novamente!

– Tá bom, professor, não farei mais, sabe como é, perco o controle, são tão bonitas essas danadinhas, professor!

– Ah! deixe de ser tarado, seu safado irresponsável, isso fica entre nós por enquanto, mas se alguma outra vier reclamar, tomarei providências sérias, pode acreditar. Chamarei seus pais aqui e vamos tomar uma decisão juntos. Cai fora agora, rápido, volte pra sala, seu moleque descarado, antes que eu fique mais nervoso e perca a paciência de vez com você!

E lá se foi Pedro cabisbaixo, até certo arzinho de preocupação. Uma semana se passou, nenhuma reclamação. Tudo parecia resolvido, mas... Lá veio outra garota horrorizada com a atitude daquele mesmo moleque, de novo esfregando-se nas meninas!

O coordenador, vermelho de raiva, espumando, batendo na mesa, gritando com Pedro, dizendo que já tinha avisado, que ele não era idiota pra ser desautorizado, que o moleque só entraria na escola no dia seguinte com o pai ou a mãe, para terem uma conversa, suma daqui, seu moleque irresponsável, suma já. E o moleque saiu mesmo, correndo até, preocupado se não levaria uns tapas ali mesmo na sala do coordenador.

Dia seguinte, Pedro e a mãe bem cedinho sentados em frente ao coordenador, que continuava lendo o regimento da escola, sem dar-lhes muita atenção. De repente, levanta os olhos do regimento, fixa bem na mãe, abre a gaveta, tira uma enorme tesoura, abre-a bem:

– A senhora está vendo bem vista essa tesoura aberta?

– Sim, professor, mas o que...

– Pois bem, eu a chamei aqui porque, com essa tesoura (e fez o gesto de abrir e fechar a tesoura, ameaçadoramente) que a senhora está vendo aqui na minha mão vou cortar o pinto do seu filho na sua frente! – falou com os olhos esbugalhados, com ar de perversidade e monstruosidade e ameaçando levantar-se!

Mãe e filho perderam a voz, esbugalharam os olhos também, horrorizados com a possibilidade. Isso durou coisa de uns 10 segundos, até que o coordenador abriu uma risadona e descontraiu o ambiente.

Explicou à mãe o que o filho vinha fazendo e exigiu providências, sob pena de suspendê-lo e até expulsão. Pedro concluiu o ano com calma, contido, com a firme intenção de preservar uma ferramenta que lhe daria muito e muito prazer na vida!

Prof. Leo Ricino

Dezembro de 2010

História real

Leo Ricino
Enviado por Leo Ricino em 17/12/2010
Reeditado em 17/12/2010
Código do texto: T2676898