Os pensamentos que se afogam na chuva que corta as almas.
Todos os sonhos estão molhados na cidade de pedra e alguns se afogam nas gotas acidas de uma mentira interrompida. A verdade se revela como uma facada entre as costelas e a água que nasce das pedras lava toda a confiança dos corpos amigos. Submerso na melancolia de uma voz feminina um olhar se joga das alturas, mas nunca atinge solo, flutua através do desespero de não saber fisicamente o que se revelada através do espírito que viaja em um grande vagão vermelho para se abrigar entre os corpos sorridentes. Dois segundos marcam o tempo na batida úmida da voz de uma vadia que se reparte em comentários que tornam a alma escura como o olhar de um demônio. Certo como a equação do caos, dois pensamentos siameses correm através de um desfiladeiro sombrio, corpos enraizados se decompõem e pouco a pouco as sombras produzidas pela dor de seus membros estendidos em um calvário cor de rosa semeiam a vida espalhando restos pelo chão, das montanhas onde o cheiro da tristeza contamina o vazio com lagrimas de arrependimento, os crânios contam suas historias um para o outro, amontoados na fria eternidade vazia da morte. Tudo é como se fosse uma rua vazia, sombria na lamentação de dois olhos vermelhos que seguem seu caminho ou acompanham meu próprio olhar no espelho, criando uma conexão paralela com o mundo que os observa sem realmente ver. Já está tarde e nossas crianças envenenadas caminham pela calçada a procura de uma vida que não às pertence, como baratas com medo dos sentidos ignorados pelo corpo humano, o medo condiciona suas almas para o portal das minhas palavras e minha razão tão eloqüente quanto o ódio do ditador repousa na sensibilidade calculada de sua confissão tardia. Um bouquet de flores mortas ou a morte evaporando entre seus dedos? Visito seus desejos em companhia de pesadelos reais como uma associação entre a dor e Eu, carregos seus desejos em um patuá satânico que guardo “ entre as sombras mortas de um desgosto eterno” (*). Fora do mundo material a vontade não tem limites e o sol dos dias de verão pode ser apagado com um simples sopro pelo sentimento que me conduz. Através da janela como reflexo das lágrimas no espelho, a ausência vigia seus dias e no post mortem da confiança tardia as chama do inferno cintilam em minhas mãos como o brilho do seu olhar que vai se apagando com o passar dos dias. Que assim seja e assim se faça, amém. Dentro do círculo tudo começa a se movimentar.
(*) Augustos dos Anjos – O Riso