Despertar do Mundo?! Santo Natal!

A turma já consolida uma forte amizade durante os anos que estão juntos. Mulheres mais velhas, jovens senhoras, moças solteiras..., homens e rapazes; todos têm uma meta para realizar e fazem isto da melhor maneira possível. Integram há tempos um grupo solidário levando assistência as instituições que abrigam crianças e jovens carentes.

Campanhas, como a do: agasalho, alimento, produtos de higiene, remédio são corriqueiras no dia-a-dia de todos. Mas, o que mais agrada o grupo, sem dúvida alguma, são as festas que sempre promovem uma vez ao mês e nas datas especiais.

Bem! A organização para as festividades do Natal já está indo de vento em popa; os enfeites para a sala da televisão, onde os assistidos permanecem nas horas de lazer, os brinquedos que serão distribuídos pelo Noel, e, o tão, esperado almoço natalino. O cardápio privilegiando pratos que saem da mesmice, como: arroz festivo, pernil ao molho de abacaxi e tantas delicias de dar água na boca.

As arrecadações continuam mesmo próximo ao grande dia. E não param de chegar à sede do grupo no salão da igreja matriz.

E, o dia finalmente, chega! As crianças e os jovens sentam á mesa para serem servidos e a batalha alimentar é instaurada. Os voluntários correm de um lado para o outro servindo! E, como, a gurizada; come! As voluntárias da cozinha se desdobram no fogão e os pratos aquecem a barriga esfomeada de todos.

Rionilda é convocada para ser a Mamãe ou seria Papai Noel, isto tudo, graças ao seu físico avantajado. Ela se prepara para a camuflagem da “persona natalina”, não quer que desconfiem minimante; quem é a Mamãe Noel!? Calor tropical! E, Rionilda veste blusa e calça feita de cetim vermelho, barba e peruca branca, luvas brancas e um par de botas preta. Carrega o saco de brinquedos e dois duendes, como ajudantes para a distribuição.

Entra no salão ao som das músicas natalinas e o badalar dos sinos tocados pelos duendes.

“Oh,oh,oh,oh... Feliz Natal á todos! Oh,oh,oh,oh.”

Nisto..., Rubens um menino de cinco anos, que é especial, ao receber o seu presente das mãos do Papai Noel bate palmas e grita para todos:

“ O Papai Nóel é tchia Rionildaaaaaa... é sim. É ela, é sim!”

Os duendes apressam para retirá-lo da fila, mas, tarde demais, todos já descobrem a sua identidade ultra-secreta, e em coro gritam:

“Tia Rionilda é Papai Noel. Tia Rionilda, Rionilda, Rionilda...”

Terminada a entrega dos presentes Rionilda vai até Rubens e pergunta:

“Filhinho, como você descobriu: quem era o Papai Noel?”

“Pelo sapatão, tchia. È que a senhora tem pezão! Pezão, pezão, pezão...”

Gaspar, filho do Papai Noel, ou melhor, da Rionilda, contrata dois senhores para fabricar o algodão doce, uma das sobremesas a ser servida a toda molecada.

Quinze horas! Chegam os carrinhos do algodão doce. Para espanto do contratante, o Gaspar lembra dele; não estam automatizados precisam ser pedalados! E haja força nas pernas e haja força no pedal!

Dezesseis horas, a fila ainda parece um caracol. Todos comem e repetem. A máquina já havia consumido 10 quilos de açúcar cristal e cinco litros de álcool. Os senhores doceiros, já, na “Melhor Idade” ficam com um ar de cansaço. Quinze minutos se passam e a fila no mesmo lugar. Um dos senhores chega perto de Gaspar e fala inconformado:

“Jovem é inacreditável nos meus 45 anos de trabalho com o carrinho de algodão doce, nunca vi nada parecido. Tudo aqui me lembra o despertar do mundo. A fila não tem fim! Tive a paciência de contar quem comeu mais e a disputa está acirrada”. Então, levanta o braço e aponta o dedo indicador para o Natalino, um menino magro, magérrimo...

“Aquele ali comeu 10 algodões doce! É o despertar do mundo! Santo Natal! Vou jogar a toalha! Não dá mais, as minhas pernas estão trêmulas! Santo Natal!”