Dei sorte!
O título desta crônica expressa à realidade do Legislativo brasileiro. O mais novo Deputado Federal, Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP), foi hoje visitar o Parlamento onde irá trabalhar desde o início de 2011. Não só encontrou os ‘amigos’ do povo, como também todas as perplexidades que caminham ao lado dos políticos brasileiros, ou seja, o casuísmo e a vontade de legislar em causa própria, sem atentar, ou serem tomados de consciência de que não estão ali para falar em nome pessoal, mas, para atuar em nome do coletivo. “Tiririca” (segundo ele) recebeu a boa notícia de aumento do seu salário, em torno de R$ 26,7 mil reais e, se julgou um homem de sorte, pois não só visitou os futuros colegas, como também ficou sabendo que sua conta bancária ficará mais polpuda durante sua legislatura.
Pelo menos numa coisa o novo político combina, ou seja, mostra vínculo com a lealdade da notícia, pois não esconde que gosta dos privilégios, coisa que muitos detentores do cargo eletivo não admitem abertamente. Isso seria um requisito louvável, para quem vai exercer um cargo de tamanha grandeza, para o futuro do Brasil? Talvez seja salutar sobre o ponto de vista da lealdade da fala, mas, com certeza, não se enquadra na lógica da moralidade pública, levando-se em consideração que o dinheiro público, deve ser gerido com responsabilidade, não podendo ser distribuído, sem mérito, àqueles que não merecem sequer a parcela que ganham por serviços prestados, já que a maioria dos políticos não trabalha como devia.
A eleição de “Tiririca” torna pública a desfaçatez do Legislativo, já que, mesmo tendo ele certo grau de conhecimento, conforme julgamento da Justiça Eleitoral, não conhece as mazelas do poder e nem poderá servir ao seu povo, já que o Parlamento marcha em sintonia com as tendências subservientes em favor do Governo. Será que “Tiririca” poderá perceber as ‘ondas’ de conveniências que circularão ao seu redor, quando comparecerem no seu Gabinete, os colegas de plantão pedindo-lhe apoio para aprovar um projeto? Talvez até ele seja mais inteligente do que imaginamos. Sendo assim, poderá formar uma assessoria de pessoas informadas e com tino para administrar sua legislatura. Do contrário, ficará à mercê da sua visão estrábica, podendo ser utilizado como ‘massa de manobra’ para servir os espertalhões do momento.
Quem votou em “Tiririca” teve os seus motivos. Uns por protestos; outros por ele ser celebridade; outros porque não tinham outra opção. Enfim, não vem ao caso as razões de cada um para essa votação tão expressiva. O curioso é que há uma tendência ao descrédito e à desvalorização desse Poder constituído, em face dos escândalos que tem surgido, cujas soluções nem sempre acontecem como deseja a população.
Em todo caso, não podemos creditar toda celeuma na conta do candidato eleito, pois, num país democrático, as opções do leitor devem ser respeitadas. Assim, quem recebe 1,35 milhões de votos não pode ser jogado ao esquecimento, em nome de um perfil pouco recomendável. Vamos torcer que o “Tiririca” pelo menos tenha a decência de ser ele mesmo nesse universo político da atualidade e não ceda à luxúria e à ganância de muitos outros que ali estão por interesses próprios.