Enquanto ele não chega - BVIW
Debruço-me na janela do tempo a olhar as horas bordadas com os fios da eternidade. O relógio mostra os ponteiros preguiçosos movendo-se pausadamente. Não tenho pressa. A cada passo deixo um fardo do passado. Assim caminho mais levemente no compasso do meu coração. Às vezes, tranquila; às vezes, não. Como bússola, sempre, os sentimentos e a intuição.
Não tenho a chave que abre todas as portas e várias delas não quero mais abrir. Quero ficar com as pequenas coisas do dia a dia, com a beleza da natureza, com a simplicidade do existir. Quero sentir a terra sob meus pés, o vento nos meus cabelos e a imensidão do céu sobre mim.
Quero estar inteira quando sorrir ou chorar. Quero conservar a capacidade de me enternecer, de perdoar, de me compadecer e agradecer.
Não tenho respostas, mas deixo que as perguntas se multipliquem e sejam minhas dóceis companheiras. Um dia, umas e outras se encontrarão e, enquanto este dia não chega, sigo sendo quem sou, fazendo o que me cabe, compartilhando o que sei, convivendo com o que não sei e não pretendo saber, aceitando os desafios que a vida me propõe até que ele me encontre.
O dia de virar mais uma página e encerrar um capítulo da existência chegará ao seu tempo, da sua forma, com as cores que lhe forem próprias. Se for um dia de sol ou de chuva, pouco importa. O que interessa é o que faço da minha vida enquanto este dia não chega.
E quando ele chegar, espero estar pronta para deixar-me levar sem resistências ou lamentos e partir com a sensação de dever cumprido.
Amigos, deixo aqui os meus votos de um Natal Feliz e um Ano Novo de esperanças renovadas para todos vocês e seus familiares.
Só retorno ao Recanto no final de janeiro. Até lá!
Um grande abraço,
Norma