PROFESSOR, UM SER METAMÓRFICO?
Prof. Edson Cavalari
Este fim de ano, terceiro de minha curta e meteórica carreira na docência, pude enfim tecer algumas conjecturas a respeito da profissão. Num primeiro momento sempre me julguei como alguém que tem o mapa da mina (do conhecimento) em mãos e passa a todos aqueles que se disponha a buscá-lo, mas nem sempre seus discentes se dão ao “luxo” de fazê-lo, isso pelas mais diversas razões.
Contudo, com o decorrer dos meses, nessa nova fase da vida, pude observar (e ser observado, é claro!) que o professor é um ser mutante. Explico: é evidente que os demais colegas da profissão já sentiram isso: às vezes, fala-se a quarenta ou mais corpus presentis, pois os alunos estão no mundo da abstração, local quase inatingível pelos professores durante suas tentativas de trazê-los de volta à realidade. Quando consegue, às vezes, por meio de ameaças veladas, o professor é o próprio Hades.
Há outro momento, para uma pequena minoria, é claro, em que o professor é “sacudido”, pelos seus alunos que querem retirar dele o máximo de informações, geralmente aquela pequena minoria que se darão ao “trabalho” de fazer uma graduação. Nesse momento se acende uma centelha na alma do professor. É a oportunidade que ele esperava, por vezes o ano inteiro! Olha nos olhos de seus alunos e, sem deixar escapar a oportunidade, despeja seu conhecimento, os quais poucos cérebros ávidos pela absorção dos mesmos captam as informações, como pérolas de alto valor. Nesses raros momentos o professor torna-se o próprio Zeus.
Em fins de ano é aquela ladainha... “Professor, o senhor me ‘deixou’ (de recuperação) por meio ponto!” Como se o professor fosse o responsável pelos discentes não terem estudado durante o ano letivo. Mas, também há compensações nesta profissão. Este fim de ano, cheguei à seguinte conclusão: O professor é uma espécie de Lázaro moderno. Quando ao longo do ano alguns alunos se dispõem a elogiar seu trabalho, é o Lázaro que vive de migalhas. No encerramento do ano letivo, os abraços sinceros, os agradecimentos, os olhares de despedidas, o “muito obrigado, professor”, faz o coração do professor acelerar, suspirar fundo e pensar consigo: “fiz um bom trabalho”!.´
É o Lázaro que ressuscita e ganha forças para mais um ano de docência, entregando o “Mapa da Mina” a todos os interessados.