VOVÔ

V O V Õ

No Campanário, o silêncio das três da tarde.

O gato dorme no tapete gasto

O carro passa deixando um rasto de poeira e

Ronco e...novamente o silêncio.

Não há asfalto nem arranha-céus

Só poeira vermelha, o canavial, um riacho

Gelado(mesmo sob este sol calcinante) e Vovô.

Ele bate prego na cerca, ele faz pirão com

Farinha e peixe, ele canta cantigas antigas

Num violão desafinado, ele tem uma figura tristonha

E tem também todos os anos.

Na vitrola, poeira; na estante livros amarelentos;

Na janela uma paisagem preguiçosa e, lá bem ao

Longe: Vovô.

Vovô não tem netos. Nem mesmo foi casado.

Mas quando eu passo por perto, aceno um "adeus"

E grito: "como vai vovô?" , ele apenas sorri.

O gato se virou para o outro lado e...ainda dorme.

Pedro Gonzalez

Pedro Gonzalez
Enviado por Pedro Gonzalez em 15/12/2010
Código do texto: T2672307
Classificação de conteúdo: seguro