Coisas de uma mulher apaixonada ou Cena de um dia não medíocre
Então, Julia disse:
- Vou morrer.
Laura sentiu seu coração contrair - como se tivesse recebido uma pontada de alfinete - seriamente a fitou e depois voltou para frente a dirigir o carro. As lágrimas começavam a se acumular em seus olhos.
- Quando será a operação?
- Não sei direito... Daqui a um mês, talvez. É muito arriscada, delicada, mas é a única opção. Tenho muito medo de morrer.
Laura cala-se, pensativa.
- Esse será o melhor mês da sua vida. Vamos fazer tudo o que você quiser, pode me pedir. Vamos viver com intensidade, ao máximo. Eu amo você.
- Me apresenta aquela sua amiga gostosa do cursinho?
Laura pensava que, se Julia morresse, o mesmo aconteceria consigo de tanto medo que estava. Sabia que Julia tinha sofrido muito, ainda sofria, pelo seu conturbado relacionamento de idas e vindas com Natália, a qual ela era muito apaixonada. Laura, no fundo, queria vingar-se também de Natália, mesmo que tivesse que passar por cima do seu enorme ciúmes ao unir sua amiga mais próxima à mulher que amava.
"Julia não me quer... Melhor então que ela fique com minha melhor amiga, mesmo. Quem sabe assim não dá tudo certo, ela desencana de Natália e eu consigo esquecê-la de vez. Nunca achei certo gostar dela ou quis isso. Parece maldição!", pensou Laura, inquieta.
- Claro, Julia. Sairemos as três; respondeu Laura, sobriamente.
2005