PALHAÇADA

PENSAMENTO:

O homem tem sempre um motivo para achar que é santo. Ele nunca se olha no espelho e diz: eu sou mau. No fundo, no fundo, sempre diz: “eu sou tão bonzinho”; “vou deixar de ser trouxa, só faço o bem e só recebo o mal”; “ninguém reconhece o que eu faço”. E é pra reconhecer? Quer dizer que você faz algo para que seja recíproco? Quer dizer que tu fazes algo, ajuda alguém, para que este alguém lhe beije os pés? Se for assim, meu caro amigo, pode ter certeza, aquelas três frasezinhas se repetirão muitas e muitas vezes.

Na verdade, o homem sempre encontra uma justificativa íntima que desculpe os seus atos de idiota e o seu desejo de soberba. Assim, por mais perverso que seja, o homem jamais se vê como discípulo da maldade; e por mais cruel que o seja, ele não consegue encontrar em tempo algum uma culpa que lhe diga ser justa para justificar que o seu crime é uma afronta social. É por isso que eu nunca engrandeço, elogio ou tenho fé no homem, pois sei muito bem e muito além do que tu pensas, que ele é um ser extremamente decepcionante! E é justamente por ser homem, que eu não sou capaz de me excluir dessa hipocrisia do ser da raça humana.

Assim é o homem: ele sai de um almoço chique com granfinos corruptos e compra ração de luxo para o seu cão; mas no semáforo da esquina, xinga o flanelinha e despreza o malabarista, que por sinal, ironicamente, são o arroto daquele almoço fino e abastado!

Daria tudo pra ser uma pedra de gelo. Um dia me derreteria, me evaporaria, ficaria morando um tempinho nas nuvens e depois vinha com força causando vendavais e tempestades caindo na cabeça do homem. Mas como não sou... muito pelo contrário, como sou homem, espero, de braços abertos, a chuva cair e ficar nesse vai e vem sem graça!

E é por uma questão não de fé, mas de esperança, que acredito numa ilusão da força social capaz de sarar a ferida crônica, que sangra na ambição do homem como forma de atitude egoísta dos atos que o seu corpo é capaz de fazer.

O político corrupto não reconhece jamais que o seu “roubo” é um crime tão perverso quanto o roubo de um ladrão que está encarcerado numa cela suja e amontoada de assassinos. Você sabe qual é a diferença entre uma penitenciária e o congresso nacional? É que na penitenciária os criminosos não podem fazer as nossas leis!

Pronto! Ponha uma lona na cabeça da humanidade, certo?! Reconheça que o mundo é um circo. Agora, ponha um nariz de palhaço e se olhe no espelho. Tanto faz rir ou chorar. A culpa desse circo que pegou fogo é sua, que, ora ri da desgraça alheia, ora chora por não ter alegria.

O homem é um comediante que zomba das próprias atrocidades que faz à humanidade! E o patético, é que sempre se queixa por fazê-las...