4ª de cinzas
cinzas
É o término do álibi.
Cometer atrocidades e deslizes daqui para frente será encarado como atrocidades e deslizes!
É como se não estivesse valendo, como se a vida e as regras não devessem ser encaradas com total seriedade. “A rosca ainda não fechou”.
O carnaval atenua grandiosas mancadas, travesti verdadeiras intenções, maquia genuínos epílogos matrimoniais. Por fim o carnaval rouba o peso e a seriedade de determinados acontecimentos, metamorfoseia a realidade acre em fantasia doce.
A partir de quarta feira de cinzas o bêbado será bêbado, deixará de ser somente um folião que exagerou. O gay não será mais um membro do bloco das piranhas, o assaltante mascarado deixara de ser um “metralha”, a arma de brinquedo que assustava brincando, agora aterroriza roubando e espancando.
A quarta feira de cinzas é o desfibrilador que dá um solavanco no país tirando seus habitantes e governantes do hipnótico estado de “Zé pereira”
Válvulas de escapes são necessárias para relaxar e aliviar as tensões acumuladas.
O carnaval é como um mergulho profundo em águas límpidas e gélidas em dias abafados com temperaturas altas. Só não devemos esquecer que não possuímos guelras, o que impede que esse mergulho seja excessivamente prolongado.
Que jamais nos faltem os carnavais, mas que sejam sempre seguidos das quarta feiras de cinzas que sempre chegam trombeteando que “fechou a rosca”.
Forte abraço.
Marco Antonio Rodrigues.