EXTINÇÃO (ou que falta faz um bêbado à mesa de jantar)
Meu canto sofrido estende-se como o instante preciso, único, atípico, cíclico pulso de vertente imaginária & notadamente volátil.
Flecha com alvo certo, por vezes perto demais do meu salvo-conduto, cidadão que sou, do submundo criativo. Poesia pra que, se o coloquial é a essência legal de um povo que pouco lê?
Temos, sistematizada, a cultura dos opostos. É constrangedor enriquecer, é perturbador emagrecer, corrupção deixou de ser verbete para virar pauta, artista é tudo vagabundo, memória é um livro empoeirado na estante da sala, ser honesto soa ridículo e o politicamente correto é levar vantagem em tudo. “A mídia é nosso Aiatolá”, alguém já disse.
Essa é nossa cultura pop.
Não temos a hipocrisia e a paranóia dos americanos – por exemplo, mas inocentemente somos condizentes com nossa própria falta de rumo, prumo e objetividade.
Tenho asco a tudo que é pop, essa matéria descartável, pasteurizada, de teor imediatista que a mídia insiste em nos empurrar garganta abaixo.
Impressiona-me bem mais a não-aderência ao consumismo do óbvio.
Ser óbvio é estar dentro de todas as métricas sócio-políticas, todas as etiquetas da estação & cultivar denominações pré-estabelecidas.
Talvez esteja-nos faltando a visita inconveniente e bem-vinda de um bêbado nesta grande ceia de damas e cavalheiros e bons modos em que se transformou nossa sociedade burguesa.
SÓ O ORIGINAL SALVA.
wallace puosso
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