A hora boba

A hora boba

Nos anos 70 havia um médico, neurologista e psiquiatra, que convivia na minha família com grande freqüência, ficando como mais um nos finais de semana, sempre. Homem culto, letrado, grande profissional e divertido em estórias contadas. Ele desenvolveu a teoria da hora boba, com a certeza de fatos ocorridos, e a delicadeza do bom uísque fornecido pelo dono da casa. Vamos à tese: O nosso cérebro tem neurônios que se comunicam por eletricidade, eles “trocam figurinhas” entre si a cada idéia que você, amigo que pensa, desenvolve. Eu nunca entendi direito como funciona, mas já levei um bom murro na cara e vi algumas “estrelas” e acho que é uma boa demonstração técnica do assunto. Há, com certeza, um tremendo tráfego de impulsos elétricos percorrendo os canais cerebrais! Deve ser tal e como a cidade de Amsterdã: Carros, bondes, bicicletas a dar no pau, gente, trem, avião e muito doidão dando cabeçada pelas ruas, no verão. Estive lá e vi como um povo lindo (realmente muito bonitos, e seios femininos fantásticos!) ficam nesse “pinball” regado a apressados moradores e desencontrados fumantes da erva do diabo. Doideira mesmo! Essa grande confusão funciona, um esbarrão aqui, um escorrego ali, uma freada mais brusca da moça do lado (vi um seio!) e um trupicão do cavalheiro que vos fala. Esqueci dos barcos, colega, os canais cheios de lanchas, barcos de turismo, e casas flutuantes, decoradas com flores! E quando o cidadão dá uma paradinha para observar os prédios antigos (a maioria) percebe que os mesmos fumaram muita maconha! Não tem um só no prumo! É uma escora aqui e me segura dali, uma dança russa, de mãos dadas vão bailando em um inexplicável equilíbrio interno, uma escora o outro, na seqüência ilógica e mágica do equilíbrio lateral. Como engenheiro estrutural fiquei abismado! O solo é muito ruim e as estacas dançam ao sabor das águas, um balé estrutural, coisa linda de se vê! Então voltemos para dentro de nossa cuca, nossa Amsterdam, loucamente confusa que no fundo, no fundo mesmo, acaba dando certo. Engano seu, o Dr. José Octávio de Freitas júnior (tem uma sala no hospital do Pinel que o homenageia), concordava com a teoria do caos e preferia Paris! A hora boba, não escaparás nunca dela, nem na cidade Luz e nem em Nossa Senhora dos Remédios (PI), muito menos em Amsterdam.

Vou esclarecer, é simples: Por um motivo eletro-químico, tua massa cinzenta sofre um colapso instantâneo (igual o Nescau no leite) e pifa, uma parada geral, apagão, Black-out em NY, pensou? Se pensou é porque ainda não ocorreu sua hora boba, aliais são três! Ele afirmava que são três! Com um gênio não discutimos, acatamos. Nunca contei três no mesmo dia, umas duas eu garanto, já sofri. Três falhas diárias e três motivos para você rezar muito (pode ser para Nossa Senhora dos Remédios) para que não passes por esta situação acordado, atravessando a rua, se não viras um pastel! A hora boba deve ser “gasta” na calada da noite, sobre teu travesseiro, dentro do sonho, no mundo virtual; aquele estrimilique que você sente dentro da noite e dá aquela babadinha na fronha, caístes do cavalo branco, naquele sonho que corrias na relva verde, galopando com a Paola Oliveira na garupa! Ela com os pequenos seios (puxa, acho que vou mudar o título da crônica para “fixação em peito de mulher nova”) duros, duríssimos, devido ao vento frio, roçando nas tuas costas másculas! E o cavalo escorrega e tomba com sua carga preciosa: Hora boba você foi premiada colega! Gastou uma, só restam duas mais! Meus sinceros parabéns!

Voltemos ao pastel: Correria, centro da cidade, calor dos infernos, Rio de Janeiro, e o executivo ali, pasta de couro legítima, rolex no pulso e celular na mão, venta, vai chover, ele corre. O sinal fecha, mas o ônibus vem “chutado”, toca o celular, a mulher dele (belos seios!) pede Nescau para o marquinhos! Pronto, bateu a hora boba, atendeu ao telefone, não viu o buzão e a cena terrível se vê: Jovem, bonito, rico, morreu atropelado na Av. Rio Branco...

Eu desenvolvi as minhas preces: Sorte no azar! Isso mesmo, peço isso todos os dias, Santo Onofre está de orelhas doendo e São Judas Tadeu recebe meus e-mails diários (pedi pelo Mengão também e deu certo!). Sorte no Azar! Só, e como se diz em Passione : Punto e basta !!!! Não quero “gastar” minha sorte em loterias esportivas e outras tentações, prefiro ficar vivo, bulindo. Então sorte no azar. O pneu furou? O carro estava na garagem! Escorregou, torceu o joelho em Bariloche? Não quebrou amigo, pura sorte, vá mancando para o hotel e agradeça aos Céus! Foi assaltado? Levaram tudo, rasparam teu tacho? Estou vivo, meu filho criado, já se passaram 21 anos... Dei muita sorte no azar, graças a meu bom Deus e seus afilhados na fé.

Mas bom mesmo é escorregar no sonho, cair do cavalo, sob a linda Paola que, mesmo descabelada, se inclina suavemente sobre teu rosto suado e dá um beijo na tua boca, mostrando, evidentemente, os belos seios perfuradores sob a camisola branca, te estende à mão. Você levanta e acordas de membro duro. Vá mijar, colega , e agradeça pela hora boba, noturna, graças à Deus...

Roberto Solano

Roberto Solano
Enviado por Roberto Solano em 11/12/2010
Código do texto: T2666629