O escultor do rio Paraíba do Sul.

Fico parado ao longe, ao observar as mãos sujas de barro do artesão, que sentado de pés ao chão, com roupas imundas e rasgadas faz da natureza o seu maior ateliê. Da matéria bruta do barro, ele desenha em minha cabeça inúmeras peças que possa sair de suas mãos, imagino uma belíssima panela de barro, um vaso, penso muitas coisas e fico a observar.

Molha as mãos na água que conseguiu de empréstimo na praça, e com todo carinho e amor pelo que faz começa a dar forma ao barro. Colocar aquela forma no colo e não se preocupa em se sujar, uma pessoa se aproxima ao certo percebeu o dom do pobre artesão e resolveu comprar algo. A pessoa vai embora, não deve ter gostado das peças, e o artesão com um sorrido no rosto, volta para os seus afazeres.

Penso que será que este homem, já velho comerá hoje, se tomará um banho e terá a dignidade de deitar a cabeça em um travesseiro limpo, e dormir o sono dos justos. Ao certo ele não se preocupa com isso, pois se dedica com muito amor aquele barro que começa a ter uma forma retangular.

Entalha no barro, agora uma coroa, certamente deve estar fazendo alguma Santa, percebeu a fé errante do povo desta cidade e resolveu apelar aos santos. Mas não faria sentido uma pessoa que sofreu e sofre tanto entalhar uma Santa, aliás, a Virgem Maria.

Agora com uma tinta dourada decora o manto como se estivesse fazendo um vestido de noiva, e com todo o zelo e amor admira a sua obra, olha para a virgem negra, e relembra de sua historia do alto do Paraíba do Sul, de seus pais e de sua fé, que permitiu sair pelo mundo para mostrar a sua arte.

Relembra da data, que hoje me passou despercebida, doze de outubro dia de Nossa Senhora Aparecida, pega a imagem coloca ao seu lado, admira sua obra e roga a mãe para que algum fiel passe e a leve para a casa, para que ele ao menos possa comer e descansar.

José Luis De Villa.

Luís de Villa
Enviado por Luís de Villa em 11/12/2010
Código do texto: T2666371
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