Identidade Social
Que rosto teremos daqui 50 anos? Que rosto terá os filhos de nossas entranhas quando estiverem prontos para se debutar? E nossos pais, ficarão de cabelos brancos e peles enrugadas? Até que ponto perderemos nossa identidade social?
Quantos processos bioquímicos serão necessários para preservar a bela imagem que temos hoje aos 20 anos? E as raízes de nossos cabelos, quanta química a mais terá que suportar para satisfazer o desejo de se parecer mais novo?
Quantas agulhadas a mais serão necessárias para esticar as rugas, que transmitem sabedoria? Aliás, estamos acabando com a imagem do saber? O desfigurando aquilo que não sabemos? Saber? Rugas? Identidade social? O que é tudo isso?
E se Rapunzel vivesse nos dias de hoje, resistiria a uma prancha e um repicado da moda, para não perder o príncipe encantado? O modernismo social, arma nas mãos dos leigos e dinheiro nas mãos dos que detém este saber.
Viver sem ela, ou com ela, eis a questão? Se Sócrates tivesse vivendo hoje, será que ele diria “Só Sei que nada sei”, ou viveria de cabelos compridos e barba por fazer, e morreria de fome na sociedade das máscaras.
Até que ponto daremos conta de sustentar as finas porcelanas de nossas máscaras. Será que os artesões do século XXI, não estão nos enganando colocando gesso, ao invés de porcelana? Utopia, ou verdade? Incógnita, como respondê-la?
Abandone-se das máscaras, deixe surgir à linda face que se esconde atrás da falsa porcelana. Deixe aparecer a sua imagem interior, pois é esta que vale. As máscaras nos infeiam observem bem as de Pierro, com lágrima escorrendo dos olhos. Feio!Bonito é sorrir como o rosto pintado do palhaço.
Não permita que as pessoas coloquem em você as mascaras que elas próprias produziram, aliás, produza máscaras de alegria e felicidade, e embeleza as pessoas, para que elas possam se tornar pessoas melhores.
Mascarás enfeiam. Repito, mascaras enfeiam, e em uma sociedade das aparências, o porquê de viver feio? Deixe que as rugas apareçam, pois são elas que demonstraram o grau de seu saber. Os cabelos brancos vão mostrar o quanto você viveu, e que viveu bem, sem se preocupar com as máscaras.
A flacidez de sua pele mostrará a sua não obsessão por um corpo perfeito. Mostrará sua saúde, que não se perdeu em ataques de bulimia, ou anorexias. O bonito é o simples. O gesto concreto de permitir envelhecer, e saber que você viveu, e viveu bem.
E as marcas deixadas pelo tempo, são como álbuns de fotografia, para registrar seus momentos. Aquela estria indesejada recordará a gestação de seu filho, o bem mais precioso. Aquele pé de galinha mostrará que você sorriu muito, e de muitos momentos alegres se recordará. As veias sinalizarão uma grande jornada percorrida, e que agora espera à hora de contemplar o final da trajetória.
E no final de sua jornada, quando estiveres pronto para partir, todos olharão e verão em você, os momentos que você proporcionou, e dirão: “Este homem, está mulher viveu intensamente as marcas do tempo, superou obstáculos, e hoje deixa a nós o álbum de sua vida para ser contemplado.”
Viva Feliz!
José Luís Rezende de Villa