“Se” jogando para o litoral...

O dia amanhece nublado, adoro, pois não desperta minha fotofobia, atenuada luminosidade, torna-se condição ideal para estar a beira mar.

Ah, penso poderia jogar-me para o litoral, ficar ao vento, ao léu, saboreando as ondas, seu vai e vem que tanto me atrai e faz melhor respirar...Mas e os pneus que não troquei e o carburador não checado... Uma opção seria tomar um ônibus, gastar quatro intermináveis horas até chegar a orla marítima e, até estar confortavelmente instalada junto às pedras do píer já estaria na hora de retornar, pois que passar a noite não está nos meus planos, desejo.

Quando era adolescente, mas adolescente mesmo, 16, 17 anos, tudo era tão mais fácil.

Alguns alôs e uma carona pintava, sempre tinha alguém se jogando, aos sábados, sem muita preparação, para ondas do vir a acontecer...

Verdade, ocorreu-me uma carona e, por que não ? Estou a duas quadras da BR116, bastaria um enorme cartaz dizendo – TEM CARONA PARA O LITORAL ?? As exclamações deveriam ser enormes e pintadas com batom vermelho, a pergunta em marrom... Quem ousaria dar uma carona a uma senhora de meia idade, portando um apoio , pois não consegue sustentar-se sobre as pernas sem este...

Tal figura no mínimo despertaria a curiosidade e alguns pensamentos do tipo , - o que passa a mulher está doida de pedra...

Ou - deve tratar-se de uma emergência de saúde. Ou -que ridículo esta mulher não tem vergonha na cara, etc...

Os anos setenta se foram, hoje, tem-se medo de qualquer estranho, ou atitude foro do comum. A solidariedade é outra.. Nossos sonhos e desejos permanecem, mas desenvolvemos uma auto crítica saudável e, nela está embutida uma fraqueza, uma vergonha.

É, existe uma falta de coragem e seu par e uma ousadia advinda da idade madura, esta ousadia nos faz escrever, sublimar e respirar as ondas do passado e as que logo mais encontraremos.

http://vicamf.multiply.com/journal/item/297/297