UM VERSINHO PARA O MAURO.


Nós que aqui estamos a isto também nos sujeitamos. Recebi uma "cartinha" de uma leitora não recantista, perguntando se poderia lhe aconselhar. Imagine que a menina está com problemas amorósos, quem diria. Ela diz que leu as coisas românticas que escrevi e que pensou ser eu o cara que poderia dar um ajudinha.

Quer enviar para seu noivo um versinho bem carinhoso e pede que eu escreva o versinho bem carinhoso. O nome dele é Mauro e tem muito medo de se entregar ao amor, estão noivos a onze anos. Foi o que ela escreveu. Noivos a onze anos. O nome dela eu não revelarei, já falei o do noivo, se falar o dela alguém pode somar dois mais dois e dar problema.

Pensei em indicar para ela algumas da competentes poetisas do Recanto ou mesmo um poeta. Mas pensei bem no caso e resolvi não incomodar ninguém. A cartinha dela chegou a vinte dias e hoje, ainda a pouco, recebi outra cobrando o versinho para o Mauro seu noivo a onze anos. Tudo isso parece sacanágem de alguém, você que está lendo só não sabe quem tá de sacanágem, se sou eu ou a pessoa que enviou a carta. Garanto que as cartas existem, a do pedido de um versinho para o Mauro e a carta cobrando o versinho.

De qualquer maneira alguém tá sendo sacaneado, a única pessoa livre da sacágem é você que tá lendo o que escrêvo. Conto apenas mais um acontecimento do dia a dia. Eu provavelmente seja o sacaneado. O tal Mauro nunca existiu e alguém escolheu a mim para fazer um brincadeirinha inventando essa história de noivado e versinho. Ou a escritora das cartinhas tá sendo sacaneada a pelo menos onze anos.

A gente sabe que noivados já não são como nos anos 1940. Noivos de uns tempos para cá tem todas as regalias de um casamento e nenhuma das responsabilidades do casório. Ou seja; ela deve lavar as roupas dele, ele deve participar da mesa na hora da janta e naturalmente tá comendo a noiva também. Não sabendo onde a verdade está resolvi fazer o versinho para o Mauro.
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Mauro meu noivo amado
Homem por mim adorado
Tenho que te falar
Onze anos são passados

Quando eu te conheci
Era moça donzela
Nada nunca havia entrado
Pela porta ou janela

Sinto-me hoje arrombada
Como a casa visitada
Por ladrão forte e armado
Que tudo dela tirou

Como fico meu amado
Se você já for casado
Um escritor me alertou
A babáca que eu sou

Mauro tu me comeu
Prometeu a cabecinha
Me enganou e me fudeu
Mauro seu desgraçado
Ai de ti se for casado.






 
Yamãnu_1
Enviado por Yamãnu_1 em 10/12/2010
Reeditado em 30/09/2011
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