A imortal Nélida Piñon
Hoje, na TV Escola, foi exibida a 7ª Semana de Poesia e Literatura. Parabenizo os organizadores do programa, que tem como partícipe o Ministério da Educação. Espalhar cultura e saber faz bem à mente e ao coração.
No quadro “bate papo” tive o privilégio de ouvir Nélida Piñon discorrer sobre a vida de Rachel de Queiroz, sua amiga de longas datas e que completaria cem anos agora em 2010. Foi uma narrativa emocionante e enriquecedora. Nélida elucidou sobre a forma com a qual Rachel escrevia, de como ela se expressava de forma transparente e real colocando o leitor em perfeita sintonia com o ambiente e com a história.
Rachel foi também uma pessoa solidária com a sociedade e seu povo, o qual retratou muito bem em Maria Moura, mostrando aí a libertação feminina. Ela própria vivenciou isso quando eleita para a Academia Brasileira de Letras, a primeira mulher a ocupar uma vaga naquela casa.
Um fato interessante é que o fardão usado pelos imortais da ABL foi criado único e exclusivamente para o sexo masculino. Nunca se havia pensado que uma mulher poderia suprir uma vaga. Será que implicitamente nossos intelectuais haviam pensado em receber uma mulher para ocupar uma cadeira na ABL? Tem uma pontinha de preconceito aí? Não posso afirmar. Mas continuando... Nélida também não poderia deixar de lembrar-se da seca impiedosa que Rachel de Queiroz retratou em O quinze, bem como a beleza interior e exterior intrínseca à escritora.
Para finalizar, Nélida Piñon teceu primorosos comentários sobre o ato de ler. Quem ler, segundo ela, abre novos horizontes, enriquece a mente, fala melhor, escreve com elegância, sabe se expressar com mais desenvoltura, e brincou dizendo que quem ler mais sabe até mesmo conquistar a pessoa amada com mais pujança. Lembro-me de uma frase que a escritora citou que deságua no mesmo contexto de uma citação de minha autoria, que diz: “Quem não exercita a leitura atrofia a imaginação”.