Vinho em taça de cristal
Entre tantas outras definições, sedução, para mim, é vinho em taça de cristal.
Não há como resistir.
Sucumbida sou, irremediavelmente, pelos dois.
Um, porque enebria, libera, dá leveza. Tem o dom de abrir o baú das sensações. Sensações boas, claro! Longe do tal “pileque”. Não, não é isso. Seria supérfluo, corriqueiro demais. Banal, demais.
Seduzida sou, pelo aroma dos parreirais. Que para mim, vem junto com histórias. Pessoas, mãos, trabalho, luta, vida! Amores também, dissabores idem.
O cristal? Será porque lembre, na sonoridade, a divindade cristã? Mera coincidência, talvez, na morfologia? Não importa, a essência é a da pureza. Não há nada que se compare à esta frágil e nobre beleza.
Os homens, em momento de lucidez filosófica, compararam o idílio dos amantes, a um vaso de cristal.
Dele há que se cuidar como merece.
Com muita dedicação.
Vaso de cristal quebrado...
Não tem mais solução.
Acho até que a perfeição brincou de se disfarçar na matéria, na forma do cristal.
É porisso que me torno seduzida.
Pelo vinho (tinto suave, por favor), em minha taça de cristal.