Vinho em taça de cristal

Entre tantas outras definições, sedução, para mim, é vinho em taça de cristal.

Não há como resistir.

Sucumbida sou, irremediavelmente, pelos dois.

Um, porque enebria, libera, dá leveza. Tem o dom de abrir o baú das sensações. Sensações boas, claro! Longe do tal “pileque”. Não, não é isso. Seria supérfluo, corriqueiro demais. Banal, demais.

Seduzida sou, pelo aroma dos parreirais. Que para mim, vem junto com histórias. Pessoas, mãos, trabalho, luta, vida! Amores também, dissabores idem.

O cristal? Será porque lembre, na sonoridade, a divindade cristã? Mera coincidência, talvez, na morfologia? Não importa, a essência é a da pureza. Não há nada que se compare à esta frágil e nobre beleza.

Os homens, em momento de lucidez filosófica, compararam o idílio dos amantes, a um vaso de cristal.

Dele há que se cuidar como merece.

Com muita dedicação.

Vaso de cristal quebrado...

Não tem mais solução.

Acho até que a perfeição brincou de se disfarçar na matéria, na forma do cristal.

É porisso que me torno seduzida.

Pelo vinho (tinto suave, por favor), em minha taça de cristal.

Nuria Monfort
Enviado por Nuria Monfort em 10/12/2010
Reeditado em 10/01/2013
Código do texto: T2664674
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