IRMÃ LUA
Um tio-avô meu, que era navegante, deu-me certo dia, um conselho:
“Nunca embarque num navio sem antes saber para onde ele vai”
Contudo às vezes é difícil, muito difícil...
Certa noite, já bem tarde, fui abordado na Av. Goethe, por um bêbado
trôpego que agarrou-se à minha lapela e, com seu bafo repugnante,
apontou para a Lua, que estava cheia em toda sua plenitude e perguntou-me ameaçadoramente: “- A Lua está muito bonita...?
A Lua está muito bonita?”, repetiu. Pensando rápido e não desejando uma morte prematura , olhei-o bem dentro dos olhos e declamei:
“-Os olhos de minha amada são ainda mais brilhantes diante do Sol”. Descobri, nesse momento, que Sheakespeare é também útil para acalmar bêbados violentos, até por dar-lhes a impressão de que você está mais louco do que eles. .
“Uma boa resposta...” – disse ele. “Uma boa resposta”, como ele sublinhou ”navegando” como um barco à deriva.
“Esta é uma canção para os lunáticos de todas as partes,
para aqueles cuja sanidade depende das fazes da Lua.”