METAMORFOSE
O céu límpido de um azul intenso refletia no horizonte o dourado do sol em todos os tons.
As pessoas anteriormente famintas, desabrigadas, sem rota ou rumo, repentinamente se encontraram.
Centenas de conjuntos residenciais, escolas, hospitais, transporte e alimentação formavam o complemento do azul intenso do céu naquela manhã de abril.
- Filho, você não precisa mais sair catando papelão, guardar carros ou vender guloseimas no trem, dizia a mãe favelada ao filho, o pequeno Raimundinho, que com apenas 6 anos já vivenciava as agruras da pobreza absoluta.
- Mãe, então agora poderei ir para a escola?
Perguntava-lhe insistentemente o filho sem presente, e agora talvez com futuro...
- é filho, agora temos moradia – e descente, temos o alimento e tudo que mais precisamos; temos a paz.
- Mais mãe, que negócio bom! Agora não vou mais precisar revirar os restos de lixo dos bares e restaurantes em busca de um pedaço de pão? Nossa mãe, agora a gente tem até escola!
O menino estava radiante, sua mãe também, sem falar nos outros seis irmãos e no pai que trabalhava de ajudante recebendo o minguado salário.
Aliás, recebia, pois agora tudo é festa, a justiça impera para aqueles que outrora foram esquecidos pela mãe vida...
-Mãe mesmo ou madrasta?
- Madrasta e daquelas ruins (porque existem as madrastas de coração), acontece que para o pequeno Raimundinho e seus familiares a vida já deu tanto “baile”, que agora nem acreditam na realidade.
A felicidade tomou conta do coração daquelas pessoas rotas, ignoradas.
Repentinamente encontram o respeito e as condições para uma vida digna todos na localidade Estevam inebriados pelo brilho intenso do Sol, em todos os tons de amarelo, naquela manhã de abril.
Os carrinhos de madeira improvisados foram deixados de lado, as velhas latas, que a criançada costumava usar como marmita para recolher restos de lixo para a alimentação, também foram desprezadas.
Os plásticos que antes cobriam o teto dos barracos, feitos de pedacinhos de tábuas usadas, como um quebra-cabeça, foram substituídos pela moradia descente, naquela manhã de abril.
A sociedade passou a viver em harmonia.
No mágico sonho daquela família sem esperanças, a vida enfim mostrou-lhes o lado bom, o lado justo e humano.
Teriam que trabalhar, logicamente, pois nada vem de graça, mas é que a metamorfose daquela manhã de abril trouxe ao entendimento de todos de que as condições mínimas para sobrevivência seriam oferecidas.
Com o passar das horas, o Sol foi se pondo.
O céu, outrora azul intenso, mudou de roupagem: estava cinza, opaco, triste.
As nuvens passaram a s encontrar e fez-se ouvir trovões nos céus, relâmpagos e depois água – muita água.
Os sonhos daquela família que retrata a realidade de milhões de brasileiros foram minados literalmente.
As águas vieram com violência tal que bastou alguns minutos para se fundir com o pranto daquela gente.
Perderam tudo: os sonhos, alguns cacos que usavam como móveis e com muito custo conseguiram salvar o carrinho de catar papelão.
Raimundinho entendeu, apesar da pouca idade, que nada havia mudado na vida daquelas sofridas pessoas...
O céu límpido de um azul intenso refletia no horizonte o dourado do Sol em todos os tons naquela manhã de 1º DE ABRIL! (Ana Stoppa)
O céu límpido de um azul intenso refletia no horizonte o dourado do sol em todos os tons.
As pessoas anteriormente famintas, desabrigadas, sem rota ou rumo, repentinamente se encontraram.
Centenas de conjuntos residenciais, escolas, hospitais, transporte e alimentação formavam o complemento do azul intenso do céu naquela manhã de abril.
- Filho, você não precisa mais sair catando papelão, guardar carros ou vender guloseimas no trem, dizia a mãe favelada ao filho, o pequeno Raimundinho, que com apenas 6 anos já vivenciava as agruras da pobreza absoluta.
- Mãe, então agora poderei ir para a escola?
Perguntava-lhe insistentemente o filho sem presente, e agora talvez com futuro...
- é filho, agora temos moradia – e descente, temos o alimento e tudo que mais precisamos; temos a paz.
- Mais mãe, que negócio bom! Agora não vou mais precisar revirar os restos de lixo dos bares e restaurantes em busca de um pedaço de pão? Nossa mãe, agora a gente tem até escola!
O menino estava radiante, sua mãe também, sem falar nos outros seis irmãos e no pai que trabalhava de ajudante recebendo o minguado salário.
Aliás, recebia, pois agora tudo é festa, a justiça impera para aqueles que outrora foram esquecidos pela mãe vida...
-Mãe mesmo ou madrasta?
- Madrasta e daquelas ruins (porque existem as madrastas de coração), acontece que para o pequeno Raimundinho e seus familiares a vida já deu tanto “baile”, que agora nem acreditam na realidade.
A felicidade tomou conta do coração daquelas pessoas rotas, ignoradas.
Repentinamente encontram o respeito e as condições para uma vida digna todos na localidade Estevam inebriados pelo brilho intenso do Sol, em todos os tons de amarelo, naquela manhã de abril.
Os carrinhos de madeira improvisados foram deixados de lado, as velhas latas, que a criançada costumava usar como marmita para recolher restos de lixo para a alimentação, também foram desprezadas.
Os plásticos que antes cobriam o teto dos barracos, feitos de pedacinhos de tábuas usadas, como um quebra-cabeça, foram substituídos pela moradia descente, naquela manhã de abril.
A sociedade passou a viver em harmonia.
No mágico sonho daquela família sem esperanças, a vida enfim mostrou-lhes o lado bom, o lado justo e humano.
Teriam que trabalhar, logicamente, pois nada vem de graça, mas é que a metamorfose daquela manhã de abril trouxe ao entendimento de todos de que as condições mínimas para sobrevivência seriam oferecidas.
Com o passar das horas, o Sol foi se pondo.
O céu, outrora azul intenso, mudou de roupagem: estava cinza, opaco, triste.
As nuvens passaram a s encontrar e fez-se ouvir trovões nos céus, relâmpagos e depois água – muita água.
Os sonhos daquela família que retrata a realidade de milhões de brasileiros foram minados literalmente.
As águas vieram com violência tal que bastou alguns minutos para se fundir com o pranto daquela gente.
Perderam tudo: os sonhos, alguns cacos que usavam como móveis e com muito custo conseguiram salvar o carrinho de catar papelão.
Raimundinho entendeu, apesar da pouca idade, que nada havia mudado na vida daquelas sofridas pessoas...
O céu límpido de um azul intenso refletia no horizonte o dourado do Sol em todos os tons naquela manhã de 1º DE ABRIL! (Ana Stoppa)