laço eterno

E então é assim. Pessoas entram e saem das nossas vidas todos os dias. Algumas permanecem por um período maior, mas também se vão um dia... Laços são desfeitos a todo momento. Amores eternos que duram meses. Amizades eternas que duram semanas. E é surpreendente a maneira como alguns laços se desfazem tão discretamente.

Isso me lembra Larry, que partiu em silêncio. Não há nenhuma música que eu ouça e que me faça lembrar da nossa despedida. Não houve despedida. Repentinamente ele me apareceu e, da mesma forma, cruelmente, o perdi. Um descuido, quem sabe... Talvez o jeito misterioso de Larry escondia algum segredo que o impedia de criar laços. E quando viu que o estava fazendo, fugiu, antes que o laço se tornasse tão forte que não pudesse mais ser desfeito. Mas será mesmo que somos tão máximos a ponto de fazer laços, algum tempo depois desfazê-los e então fica tudo certo? Creio que não. Ou melhor, com toda a certeza do mundo, não.

Detalhes são importantes e eu me esqueci do detalhe de que o laço que amarramos juntos nunca poderá ser desfeito. A cada dia que passa mais eu me acostumo com a companhia da sua falta. O que não quer dizer que seja fácil para mim, muito pelo contrário. Me acostumar com a sua falta é apenas um método de sobrevivência que resolvi enfrentar. É o que me matém de olhos abertos, com as mãos quentes e com o coração pulsando, mesmo quando não se parece respirar mais. Em outras palavras, desde que o seu corpo se afastou do meu, não vivo mais, Larry. Mas lembra da maneira como nossas almas disseram sim uma para a outra? E lembra daquele dia na lagoa, em que pegamos o primeiro barco no escuro e seguimos remando em direção à estrela mais brilhante, tentando descobrir se a imensidão que havia entre as nossas almas era tão grande quanto à do céu? Hoje tenho a resposta: não há imensidão entre as nossas almas. O nosso laço amarrou uma na outra, e esse é o tipo de laço eterno.

Escolhi que te deixaria livre e assim o farei até o meu último piscar de olhos. Laços eternos não precisam de corpos para existirem, mas de duas almas que se aceitam e se gostam verdadeiramente em alguma noite, numa lagoa, debaixo de um céu estrelado. Laços eternos não precisam de corpos, mas de duas almas que em algum momento gritaram tão alto uma pela outra, que o seu eco é capaz de perdurar para sempre.

Como o nosso há de perdurar. Para sempre. Para sempre...