Somos todos fãs do BBB
Nunca gostei de adesivos no meu carro. Há muitos, muitos anos atrás eu tive um adesivo da Polícia Civil no canto esquerdo do pára-brisa, bem embaixo, quase sobre o volante. Na época, todos os meus colegas possuíam e parecia trazer respeito. Aí, fui transferida para Porto Alegre e no primeiro findi fui à Redenção tomar chimarrão com amigos e familiares. Estacionei na Avenida João Pessoa, domingo de muito sol e muito movimento. Quando voltei ao carro encontrei os 4 pneus arriados. Não preciso dizer do transtorno que isso me causou. Enquanto o frentista do posto de combustíveis colocava ar novamente nos pneus, disse à ele que não entendia o motivo daquilo, então, me olhando sério e apontando o meu adesivo, ele disse : Ô dona, tira isso daí” .
Não basta atribuir ao Estado a tarefa de prover segurança, é preciso colaborar.
Digo analisando mais um procedimento policial sobre jovens e sites de relacionamentos. São os orkuts, facebooks, gazzags, badoos e tantos outros. Adolescentes (e até balzaquias) colocando em seus perfis, fotos de biquínis, baladas, beberagens, acampamentos e outros bichos. Colocam nomes de escolas, faculdades, amigos, comunidades, endereços dos locais que freqüentam, nº de irmãos, casa na praia e qual praia, fotos de seus carros ou dos pais com placas destacadas, enfim.
Tempos ditos modernos têm criado certos modismos, no mínimo estranhos. Parece curiosa a postura de determinados cidadãos que expõem detalhes de sua vida privada e intimidades em sites de relacionamento. Muitas vezes essas informações acabam figurando em outros sites de natureza imoral ou ilegal, à sua revelia, causando muitos estragos e constrangimentos.
Exposições desnecessárias de dados pessoais( incluindo de familiares e de amigos) tais como padrão econômico, clubes academias que freqüentam, hábitos sociais e algumas vezes até endereços residenciais.
Especialistas em segurança têm recomendado a não utilização de adesivos em automóveis, principalmente aqueles que denotam informações sobre os hábitos e a vida de cada um. Aí estão os seqüestros, bullyings e outras mazelas criminosas.
Pois agora, o modismo extrapola com o “adesivo da família”. Mesmo para quem olhe rapidamente, fica fácil saber quantos filhos tem o condutor do veículo, casado ou não, se possui animais domésticos ou não, vovós, titias, papagaios, cachorros e periquitos. Juntando-se isso a algum adesivo de firma ou empresa, academia, faculdade, condomínio onde reside, têm-se um prato cheio para quem deseja fazer o mal.
Sê alguém ama sua família antes de tudo, deve preservá-la.
Talvez seja tempo de pensar na autoproteção dos direitos fundamentais.
Quando me questiono por que no Brasil faz tanto sucesso o BBB, programa de péssimo gosto e sem nada a agregar culturalmente, me dou conta que o ser humano é um “ voyager”, adora espiar os outros e adora ser espiado.
Freud explica.