Siga seu coração
Marina queria ir à praia. Estava calor. Mas, era dia de encontrar namorado. Porque de namorado havia dia marcado: no calendário, por exemplo.
Contudo, seguindo sua vontade maior, Marina preferiu ir à praia.
E deixou namorado plantado.
Namorado plantado na praia.
O encontro foi na praia; sol, mar, homens, mulheres e namorado.
Marina, desfilou com biquíni. E ela, como todas as mulheres, tinha gordurinhas localizadas e a famosa celulite. E daí? Marina queria se divertir.
- Amor. Marina saudou Marcus.
Amor. Verbo que dá nome aos seres. Principalmente, os namorados. Por acaso, existia Paulo, Ricardo, Roberto? Não. Bastava chamar de amor.
Amor: o nome universal dos namorados.
- Ei, Marina. Marcus deu um selinho nela.
Marcus era alto, versado em magreza. E completamente apaixonado. Por Marina.
No entanto, ainda havia obstáculo que os separava. Ou melhor, outro verbo...
Uma mulher, bonita, gotejando corpo curvilíneo, passou na frente. Frente de ser Marcus. Aí, você sabe o que acontece.
Marcus, hipnotizado, fitou a morena. Com vontade.
- Ei. Retrucou Marina ciumenta. Eu estou aqui. Cara de pau. Concluiu ela indignada.
Marcus, esquadrinhou o rosto da amada e com ternura nada convincente disse:
- Só tenho olhos para você.
Marina se derreteu. Um pouquinho só. Boba não era. De bobo tinha o olhar. O verbo aterrador dos casais: o homem que olha outra mulher.
O olhar. O complicador das separações e ciúmes doidos. O mesmo olhar que traduzia poesia: só tenho olhos para você. Quem acredita?
Então, Marina também olhou. Um surfista, moreno, aferrando uma prancha. O surfista pronto para enfrentar as ondas. Mas, diferente dos homens, as mulheres eram discretas. E o bobo do namorado nem percebera...
Marina, por fim, seguiu seu coração. Dentre o surfista e o namorado preferia o melhor amigo.
E mais ainda, à praia maravilhosa. As ondas continuaram intactas. Igualmente, equivalia ao namoro de Marina.
Porque tudo fica melhor. Quando de melhor amigo passa a ser namorado.
Nisso que dá seguir o coração.