A CASA SEM COR
Tão gasta pelo tempo, aquela casa perdera a cor. Vinha sendo habitada por uma mulher que amava a cor da casa e dos jardins externos a casa. Ela amava também as andorinhas que faziam ninho na varanda, logo ali acima da janela do quarto menor.
Um dia, de tanto amar aqueles bichinhos alegres, conseguiu pegar uma avezinha na mão e viu de perto, como era um passarinho alegre e do tipo que tem sua família, pois seu ninho estava cheio de movimentos de entra e sai das andorinhas inquietadas, enquanto a presa não voltava pra junto deles.
Encantada em observar o bichinho em sua mão, o biquinho escuro e delicado, a penugem branca do peito e as asinhas escuras, fitava os olhinhos redondos da andorinha. Olhinhos brilhantes olhando para quem a aprisionava. Era um olhar também confiante, cujo contato era de proteção, não era um olhar de medo ou temor, era de compreensão. Pelo menos era o que a mulher sentia e concluía que o bichinho sentia quietinho em sua mão.
Depois desse longo namoro, a mão se abriu e o bichinho voou ao ninho. E a mulher se afastou voltando pra dentro de casa e se deteve olhando a mão que guardava ainda aquele calorzinho.
Notou então, que a mão e braços estavam cheios de piolhinho micros, quase invisíveis ao olhar, e se espalhavam céleres pelo braço. Correu a lavar mãos e braços. E trocou a roupa.
Foi pra varanda e se deitou na rede apreciando as árvores no lado da represa. Como estavam bonitas, frondosas e algumas floridas, e também com as copas cheias de aves em alvoroço.
O frescor da mata chegou até ela, que até adormeceu. Sonhou que teria uma vida longa cheia de filhos. Mas que nunca conheceria o amor. Seria solitária e sem família.
Despertou do pesadelo e já era noitinha. Tratou de se recolher e fechar a casa, inquieta com aquele sonho.
No dia seguinte foi olhar o ninho das andorinhas acima da janela. Não havia movimento lá.
As andorinhas desapareceram.
E nunca mais voltaram.
Tão gasta pelo tempo, aquela casa perdera a cor. Vinha sendo habitada por uma mulher que amava a cor da casa e dos jardins externos a casa. Ela amava também as andorinhas que faziam ninho na varanda, logo ali acima da janela do quarto menor.
Um dia, de tanto amar aqueles bichinhos alegres, conseguiu pegar uma avezinha na mão e viu de perto, como era um passarinho alegre e do tipo que tem sua família, pois seu ninho estava cheio de movimentos de entra e sai das andorinhas inquietadas, enquanto a presa não voltava pra junto deles.
Encantada em observar o bichinho em sua mão, o biquinho escuro e delicado, a penugem branca do peito e as asinhas escuras, fitava os olhinhos redondos da andorinha. Olhinhos brilhantes olhando para quem a aprisionava. Era um olhar também confiante, cujo contato era de proteção, não era um olhar de medo ou temor, era de compreensão. Pelo menos era o que a mulher sentia e concluía que o bichinho sentia quietinho em sua mão.
Depois desse longo namoro, a mão se abriu e o bichinho voou ao ninho. E a mulher se afastou voltando pra dentro de casa e se deteve olhando a mão que guardava ainda aquele calorzinho.
Notou então, que a mão e braços estavam cheios de piolhinho micros, quase invisíveis ao olhar, e se espalhavam céleres pelo braço. Correu a lavar mãos e braços. E trocou a roupa.
Foi pra varanda e se deitou na rede apreciando as árvores no lado da represa. Como estavam bonitas, frondosas e algumas floridas, e também com as copas cheias de aves em alvoroço.
O frescor da mata chegou até ela, que até adormeceu. Sonhou que teria uma vida longa cheia de filhos. Mas que nunca conheceria o amor. Seria solitária e sem família.
Despertou do pesadelo e já era noitinha. Tratou de se recolher e fechar a casa, inquieta com aquele sonho.
No dia seguinte foi olhar o ninho das andorinhas acima da janela. Não havia movimento lá.
As andorinhas desapareceram.
E nunca mais voltaram.