A maior praia do mundo
Num acesso de bairrismo um prefeito tiririca colocou uma frase na entrada da praia do Hermenegildo elevando a prainha a incerta condição de “maior praia do mundo” . O Balneário Cassino em Rio Grande possui estrutura turística e fica antes do Hermenegildo.
Bairrismo é coisa feia e tola. Descortesia, falta de fineza, e ainda por cima mentira. Dessas mentiras que se desejam verdade com fita métrica. Mesmo que em quilometragem seja grande, tudo no Hermenegildo é pequeno. A única coisa boa no Hermenegildo é compreender o quanto o mesmo sal marinho faz parte do atlântico. O maravilhoso oceano atlântico.
Interiorano gosta de criar maravilhas próprias e ineditismos. Mora em todo interiorano um louco controlado. Essa esquizotimia de isolamento ferve o desejo de poder estar em ambientes completos, por assim dizer: A praia do Hermenegildo sofre de resfriamento. É gelada e serve perfeitamente para gritos noturnos. Quando a pouca juventude se reúne para berrar até amanhecer o dia. Compreensível. As moléculas precisam vibrar para aquecimento. É bom lembrar que o aquecimento global está atingindo o Hermenegildo pelo contrário. As mulheres se vestem para ir a praia e permanecem semi-vestidas devido ao vento frio e a poeira elegante.
Na verdade não estou falando mal da praia. Ela é fonte inútil de filosofia e é disso que precisamos. Para esquecer admnistrações que deixam passar os riachos limpinhos de antanho pela presunção da modernidade suja. Ah, como devia ser bom se banhar naquelas águas puras do passado... Hoje os riachos da maior praia do mundo, em plena vila urbana, estão emporcalhadas com dejetos pouco recomendáveis. Seria melhor que a maior praia do universo fosse dotada de peixinhos orgulhosos.
Esse ufanismo de quintal besta cansa e passa por lirismo. Nunca haverá praia sem lirismo, e o Hermena, como é melhor simplificar; tem rumo ao sul, outra praia do município: a Barra do Chuí. O Chuí ganhou emancipação num "plebiscito unilateral", ficando sem a barra "entre nós", e que continua levando o nome de Barra do Chuí. Eu trocaria por Barra dos Palmares. Mesmo sabendo que o que deu nome a cidade também desapareceu. mais palmeiras, muda-se a história, muda-se o nome. Entretanto os políticos de ribeirinha possuem apenas a famosa geografia econômica e mensal.
As duas praias são excelentes para não se fazer nada. Alguns recorrem ao alcoolismo, aos temperos, aos oréganos, e então como é da sorte, como é da alegria viver no mar; resta o indevassável lirismo. Produto da megalomania festiva.
Léguas além do balneário Cassino a prainha é maiorial. Eu adoro, mas não perdi a razão.
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