VIAGEM
Rio de Janeiro, dois de dezembro de 2010.
O dia amanheceu cinzento, choveu um pouco no final da tarde. Depois de enfrentar algum trânsito, cheguei ao aeroporto internacional António Carlos Jobim, "Galeão". Apresentei-me para o habitual check in muito antes do horário sugerido pela companhia aérea Ibéria com a qual iria viajar, a maior da Espanha e uma das maiores da Europa. Minha mala ficou na esteira e minha bagagem de mão continuou comigo. Poderia transportar duas malas com 32 kg cada e 12 kg em duas malinhas de mão. Meus pertences couberem numa única mala com cerca de 25 kg que seguia agora na esteira e iria ser guardada no porão do avião.
Hora de passar pela alfândega. Melhor preparar o nível de paciência, pois este tipo de procedimento normalmente, demora algum tempo.
Por sorte a fila andou rápido, passei e a máquina não apitou, prenúncio de uma viagem agradável. Recordo que da última vez que aqui passei sofri bastante com todo este "policiamento" pois todos todos os metais que trazia comigo foram detectados: chaves, lima metálica para unhas, corta unhas, pinça, fivela do cinto, moedas... Tudo me foi tirado, até minha blusa com botões metálicos. E a máquina detectora de metais sempre apitando. Lembro-me que fiquei semi-nua e a máquina sempre detectando. O problema estava no fino saltinho metálico dos meus sapatos. Já não bastava despojarem-me de quase todas minhas roupas, ainda mais os sapatos. Confesso que senti receio de ver meus sapatos ficarem em terra e eu ter que "voar" descalça. Mas, felizmente, consegui viajar devidamente vestida e calçada.
O atendimento no balcão da Ibéria foi muito eficiente. Após o "policiamento", cartão de embarque na mão. Parada rápida no free shop. Num dos bares tomei um suco de maracujá, na tentativa de acalmar o nervosismo, mas de nada adiantou.
Voo previsto para 21h05m. Eram 20h00 e a funcionária da Ibéria falou no microfone: “Senhores passageiros do voo Ibéria com destino a Madrid, devido a problemas operacionais, o voo irá atrasar aproximadamente trinta minutos. Obrigada.”
Escolhi a companhia aérea Ibéria por dois motivos:
. Já anteriormente viajei com esta companhia aérea, da cidade do Porto para o Rio de Janeiro e vice-versa. Gostei muito do serviço oferecido aos passageiros.
. Os preços das passagens para a Europa são bastante reduzidos se compararmos com outras companhias aéreas. Apenas o inconveniente da escala em Madrid, onde os passageiros precisam trocar de avião. No meu caso, precisarei pegar um outro avião que me levará até à cidade do Porto, no norte de Portugal.
Vinte e uma horas e trinta minutos. Classe econômica. Sentei-me confortavelmente na macia e espaçosa poltrona. Meu braço direito estava quase encostado na janela do avião. Olhei para o exterior e vi que ainda chovia. Dentro do avião estava uma temperatura ótima e música ambiente muito agradável.
O avião levava a bordo 12 tripulantes e 170 passageiros.
"Buenas noches señores pasajeros. Gracias por volar con la Ibéria. Les damos la bienvenida a bordo de este avión. A partir deste momento los teléfonos móviles y todos los aparatos electronicos deberán permanecer desconectados. Por favor queiran colocar lo cinturón de seguridad. Iremos dar inicio a la decolagem. Les deseamos un vuelo agradable."
Dentro da aeronave desligaram-se os celulares, notebooks e câmeras fotográficas. Meu coração batia descompassado. Coloquei o cinto de segurança e senti um friozinho percorrer minha espinha quando notei que o avião começou a mover-se. Meu coração parecia bater ainda com mais força.
Duas bem uniformizadas aeromoças iniciaram a habitual e obrigatória demonstração das condições e dos procedimentos de segurança, caso houvesse alguma emergência. Engraçado que essa demonstração sempre ocorre na hora da decolagem, o que, na minha opinião, serve como entertenimento. Acaso os dirigentes da companhia aérea pensam que conseguem desviar a atenção dos passageiros, aliviar-lhes a tensão, fazendo-os esquecer os temores e receios da decolagem, olhando as duas esbeltas aeromoças, seus harmoniosos gestos e ouvindo suas palavras?
“Buenas noches señores pasajeros, siguiendo normas internacionales de seguridad les vamos a efectuar una demostración de los sistemas de emergencia de que dispone este avión. Les rogamos máxima atención!
Este avión está provisto de ocho salidas de emergencia…
Cuatro ventanillas situadas sobre los planos...
Dos puertas en la parte trasera… Todas ellas señalizadas con el cartel en rojo EXIT-SALIDA...
Las mascaras de oxigeno se encuentran sobre su asiento…”
O friozinho insistia em percorrer minha espinha, ao mesmo tempo que meu peito se enchia de súbito calor. O avião taxiou até o início da pista. Acelerou as turbinas. Senti que se movia cada vez com mais velocidade. Rodou rápido, cada vez mais rápido. As rodas começavamm a deixar o seguro solo brasileiro… era o início da decolagem, o que é sempre uma sensação inesquecível. Sentia-me leve, com vontade de rir. Não sentia mais medo. Acho que a experiência de decolagem provoca minhas endorfinas. É a tal sensação de liberdade. Sou pássaro em vôo. É uma mistura de sensações, prazerosa e inexplicável.
Quando olhei pela janela, já o avião sobrevoava a cidade maravilhosa a baixa altitude. Era, de fato, um espetáculo deslumbrante! Parecia que a cidade estava coberta de milhões e milhões de minúsculos e dourados pirilampos. Milhões, talvez bilhões de pequenos e dourados pontos de luz cobriam a cidade. A cidade que já era maravilhosa, parecia uma enorme toalha bordada a ponto de luz, dourada, entendida ao lado do oceano. Que bordado magnífico!
A janela ficava do meu lado direito e através dela podia ver a Baía de Guanabara. Uma enorme mancha cinza debruada de minúsculos pontinhos dourados. Conseguia distinguir grande quantidade de barcos, no meio da baía. Em cada um deles parecia haver animada festa, pois de imensas luzes esses barcos se enfeitavam. Vislumbrei as ruas da cidade, em linha reta ou curvilínea, paralelas e perpendiculares. Pequenos pontos luminosos móveis indicavam que eram carros a moverem-se nelas. A cidade parecia uma tela negra pintada com tinta dourada! Uma autêntica obra de arte!
Como eram deslumbrantes as ruas da cidade, vistas lá de cima.
Como era linda a cidade maravilhosa, minha segunda pátria, observada do espaço, durante a noite!
" Señores pasajeros ya pueden sacarse el cinturón de seguridad. Gracias".
22h00h. Foram percorridos 250 km. Neste momento o avião sobrevoava a cidade de Espírito Santo a uma altitude de 10.000 metros. Temperatura exterior: 23 graus negativos. Começei a ficar apreensiva com com os sucessivos balanços e oscilações do avião. Provavelmente estaríamos a atravessar alguma nuvem e sei que quando isso acontece as aeronaves sacodem um pouquinho, como se estivessem a passar por uma rua de paralelepípedos. O vento soprava com muita força lá fora. Achei melhor apertar o cinto de segurança.
Grande parte das pessoas tem medo de voar. Com o aumento do número dos acidentes aéreos, muitas ficaram atemorizadas. No entanto, as estatísticas dizem-nos que somente uma em um milhão de pessoas morre de acidente de avião. Mesmo assim, quem não sente um friozinho na espinha e na barriga na hora da decolagem ou do pouso?
O medo de voar chama-se aerofobia. Julgo que milhares de pessoas em todo o mundo devem sofrer com isso, em maior ou menor grau. Ela pode ser desencadeada por uma série de preocupações como o medo de altura, o medo de cair, o medo da decolagem e aterrissagem, o medo de voar sobre a água, o sentimento de perda de controle causando ataques de pânico, turbulência do ar, clima tempestuoso, sequestradores ou terroristas, enjoo, claustrofobia…
O medo de voar é natural. O homem está acostumado a andar, ter os pés fincados no chão… estava absorta nos meus devaneios e pensamentos sobre medos e fobias quando ouço uma voz masculina:
“Buenas noches señores pasajeros, habla el Comandante. Estamos atravesando una área de turbulencias. Cinturones de seguridad abrochados, por favor. Gracias.”
O balanço da asa direita não me era agradável. E por sinal, ela estava bem ali, ao alcançe da minha vista. Procurei não mais vigiar a asa e tentei resolver umas palavras cruzadas. Com certeza a turbulência teria passado antes de terminá-las.
Em resumo, a turbulência assusta mais do que ameaça. Da próxima vez que voar, ao acender-se o aviso para os passageiros colocarem os cintos, não sentiria receio. Os pilotos apenas são cuidadosos e dão ordem aos passageiros para evitar que os mesmos possam cair e se machuquem numa remexida mais forte.
O avião, em voo, está em seu elemento. Os pilotos já passaram por isso centenas de vezes. Se eu pudesse estar na cabine de comando, veria suas fisionomias tranquilas. Pode parecer terrível para o passageiro, mas para o piloto não traz nenhuma preocupação. Ele sabe que a aeronave está preparada para isto. Afinal, eles estão no mesmo barco. Ou melhor, estavamos no mesmo avião.
A pequena tela situada à minha frente ia mostrando toda a informação relativamente à viagem: rota seguida, altitude, temperatura exterior, velocidade e hora estimada de chegada. Eram 22h 18m e o avião passava do lado direito da cidade de Belo Horizonte, quando sua rota se aproximava do Atlântico e se afastava, ligeiramente, do continente.
A hora estimada de chegada era 10h 05m, hora de Espanha. Serão 7h 05m no Brasil e 8h 05m em Portugal.
Vinte e duas horas e trinta e cinco minutos. Haviam sido decorridos 494 km, com muita turbulência. Estavamos a 10 mil e 500 metros de altitude (32.812 fts). Lá fora uma temperatura de – 42 graus centígrados (quarenta e dois graus negativos!).
Ventos fortes continuavam a fazer-se sentir. Olhei para o exterior e vi que a asa direita do avião oscilava bastante. Tanto que parecia que ia quebrar a qualquer momento. A luz emitida pelo flash na sua extremidade iluminava a escuridão da noite, lá fora.
Em vez de vidro, as janelas do avião possuem duas camadas de uma espécie de fibra. A camada exterior estava completamente congelada, coberta de minúsculos cristais de gelo.
22h 50m e 850 km decorridos. Meus olhos seguiam atentamente a rota da aeronave na tela informativa. Por baixo de nós deixara de haver terra firme. Neste momento sobrevoavamos as águas do Atlântico, paralelamente e junto à costa. Do lado esquerdo ficava Salvador. Como era longa a costa brasileira! Como era grande este maravilhoso país! Como era negra e assustadora a noite lá fora! Acalmei quando pensei que bastaria atravessar o oceano que estava do meu lado direito para chegar à minha pátria amada.
Vinte e três horas horas. Na telinha vi que voltaríamos a voar sobre terra. Recife seria a próxima cidade a ser sobrevoada. Depois o avião voaria definitivamente sobre as águas do atlântico passando ao largo de parte da costa norte africana, seguindo pelo ponto mais ocidental da Europa, que é o sul de Portugal, rumo a Madrid.
Minha fonte de informação ficara completamente negra, sem transmitir imagem. Talvez devido à turbulência que ainda se fazia sentir, embora com menor intensidade. Olhei novamente para a asa do avião. Mais parecia a frágil asinha de uma borboleta que o vento levava à deriva.
Um delicioso cheirinho a comida inundou o ambiente, sinal de que o jantar iria ser servido. Senti vontade de pedir uma garrafinha de vinho tinto espanhol. Seria um bom acompanhamento para o jantar e ajudar-me-ia a relaxar, quem sabe até dormir.
- Pasta ou carne, señora?
- Pasta, por favor.
- Para beber?
- Voy a beber una botella de agua mineral sin gas y una botella de vino tinto, por favor. Muchas gracias.
Escolhi pasta: uma deliciosa lasanha acompanhada de uma magnífica salada. Já sentia saudade do bom pão espanhol, tão semelhante ao pão português. Trouxeram também manteiga, queijo, salada de frutas e torta gelada de maracujá para sobremesa.
Não era ruim o conteúdo da garrafinha de 180 ml de red wine de produção espanhola. “Canforralles” bodegas Campo Reales 13%, de 2009. Um pouco forte, para quem como eu, está habituado ao suave vinho tinto português com 12%.
- Café, té?
- Té, por favor. Gracias.
É do conhecimento geral que o café espanhol é ruim, por isso pedi chá. Um delicioso chá de erva-cidreira ajudar-me-ia a relaxar. Depois do repasto, senti vontade de dormir.
A telinha ainda não mais dera informações sobre a viagem. Passava agora um filme com Humphrey Bogart e Alan Curtis, “O Último Refúgio”.
Era meia noite no Rio de Janeiro. Sentia as pálpebras pesadas e sabia que o sono chegaria em breves momentos. Já não sentia o vento nem a turbulência. Meus receios haviam passado, como que miraculosamente. Eis o efeito que uma pequena quantidade de álcool pode exercer sobre o organismo feminino. Sabia que o avião iria sobrevoar as Ilhas Canárias precisamente no momento em que o sol iria nascer. Pensei o quanto gostaria de estar acordada, pois naquele lugar o nascer do sol é um espetáculo deslumbrante. Talvez acordasse a tempo de poder apreciar a beleza do momento.
Acordei e olhei para meu relógio de pulso que ainda marcava o horário de Brasília: 5h15m.
Lembrei-me que tinha sonhado: o voo era no Rio de Janeiro. Eu no comando. Os motores eram acionados e o ruído aumentava na cabine. Soltei o freio. Sinti-me empurrada para trás pela aceleração da aeronave. Ao taxiar, percebi as rodas passando pelas emendas do suave concreto da pista. A velocidade aumentou e o "Jumbo" decolou. O resto era comigo! Olhei para fora e vi a Ponte Rio-Niterói, o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Baía…
Olhei para o exterior e deparei-me com um espetáculo magnífico: lá em baixo o oceano era uma enorme mancha cinzenta/azulada sobre a qual pairavam nuvens leves e muito brancas. O sol começava a querer despontar na linha do horizonte. Sabia que estava proibido o uso de celulares e de câmeras fotográficas. Desejei poder registrar aquele momento. Não resisti e fotografei aquele momento único em que o sol quase parecia uma bola de fogo. Que lindo quadro! A natureza em todo seu esplendor!
Os efeitos da altitude/compressão/descompressão começavam a fazer-se sentir no interior dos meus ouvidos. Era como se eles estivessem tampados, quase não conseguia ouvir a suave música de fundo. Senti sede. Lembrei que havia um bar em serviço permanente na parte detrás do avião.
- Buenos dias.
- Buenos dias señora. En qué puedo ser útil?
- Voy a beber un suco de frutas.
- Piña, naranja, maracuyá?
- Naranja, por gentileza. A que horas es servido el desayuno?
- Nueve horas, señora.
- Gracias.
Eram 5h 50m no meu relógio. Alterei-o para a hora espanhola, acrescentando mais 3 horas. Isso significava que faltavam apenas 10 minutos para que o café da manhã fosse servido.
A tela informativa voltara a funcionar. Segui o percurso percorrido pelo avião durante a noite. O avião sobrevoava agora ao largo da costa africana. À nossa direita ficava o Sahara Ocidental e as cidades norte africanas de Marrakech, Rabat e Casablanca.
Altitude: 11.500 metros. Temperatura exterior: - 59 graus. Tempo previsto até destino: 1h 16m.
Aos poucos o continente africano ia ficando para trás. Olhei através da janela e vi terras do sul de Portugal. Costa Algarvia à vista! O Algarve é a região mais a sul de Portugal. O avião sobrevoava o ponto mais a oriente do sul de Portugal, já quase na fronteira com Espanha, seguindo para Madrid, em linha reta. Minha querida terra amada, que bom rever-te, ainda que a 11.500 metros de altitude!
O café da manhã foi servido rapidamente. Leite, chá, café, suco de frutas, pão, croissants, manteiga, queijo e frutas.
Um lindo sol de Outono brilhava lá fora. À direita ficava a cidade de Sevilha. Conseguia ver neve nas montanhas espanholas. O sol outonal europeu não é suficientemente forte para derreter a neve.
Temperatura prevista em solo espanhol: 2 graus centígrados. Hora prevista da chegada: 10h 07m, hora espanhola. No Rio de Janeiro seriam 7h 07m. Em Portugal, 9h 07m.
“Buenos dias señores pasajeros, nos encontramos próximos a aterrizar en el Aeropuerto Internacional de Madrid. Por favor, ajusten sus cinturones de seguridad.”
O avião estava quase a pousar. O piloto já iniciara os procedimentos adequados. Do lado de dentro, era possível ver a pista a aproximar-se. De repente, a aeronave tocou o solo. Ouviu-se e sentiu-se o impacto. Em seguida, o ruído aumentou, ensurdecedor. Das asas saíram peças que enfrentavam o vento e ajudavam o avião a conter-se.
“Señores Pasajeros, bienvenidos al Aeropuerto Internacional de Madrid. Por favor, permanezcan sentados con el cinturón de seguridad abrochado hasta la completa parada del avión y que las señales se hayan apagado. Gracias.”
Ouviram-se discretos aplausos. A aterrissagem decorreu perfeita.
“Señores pasajeros ya pueden sacarse el cinturón de seguridad. Dentro del aeropuerto tengan precaución com su puerta de salida. En nombre de toda la tripulación, nos despedimos de ustedes esperando que el vuelo con nosotros haya sido de su agrado y confiando en verles nuevamente a bordo. Gracias por volar con la Ibéria.”
Dentro do gigantesco aeroporto de Madrid, procurei indicação para minha “puerta de salida” que era a letra K. A porta de saída vinha sinalizada na passagem. Não dispunha de muito tempo. Eram 10h 30m. Gigantescas telas informavam várias portas de saída. Senti um ligeiro arrepio quando li: K – 28 min. Isso significava que eu demoraria cerca de 28 minutos a percorrer a distância que me separava do local onde se encontrava a porta de saída K, a minha porta de saída! Na passagem estava registrada a hora de saída do avião que me levaria para a cidade do Porto, 11h 05m. Teria que correr, se quisesse pegar esse avião na porta de saída K que estava a 28 minutos de distância!
Precisei descer ao subsolo para pegar o mini-trem. Essa viagem demorou cerca de 10 minutos. À saída do mini-trem, nova informação foi dada aos passageiros: K – 16 min. Sabia que ainda teria que caminhar durante 16 minutos dentro do gigantesco aeroporto até chegar à minha porta de saída. Desejei ardentemente que o avião que me levaria para a cidade do Porto sofresse, pelo menos, um atraso de 5 minutos. Não havia tempo a perder. O percurso que se seguiu, entre escadas, elevadores, corredores e passadeiras rolantes demorou exatamente 16 minutos. Finalmente, no final de um corredor: K – 1 min. Fechei os olhos por um momento e respirei fundo, ao mesmo tempo que pensava que pessoas idosas ou crianças pequenas não conseguiriam fazer esse percurso no tempo estimado.
Na porta de saída K, o funcionário informava:
“Señores pasajeros, informamos que el vuelo para la ciudad de Oporto ha sufrido un retraso de una hora. Atención a las proximas informationes mostradas en los monitores.” O avião que seguiria para o Porto estava com uma hora de atraso.
Eram cerca de 11h 45m quando os passageiros entraram no pequeno avião da Ibéria, rumo à cidade do Porto. Meio-dia quando o avião levantou voo. A viagem demorou cerca de uma hora.
Mais uma vez sentei junto da janela e perto da asa direita do avião. Voando a menor altitude, pois era uma aeronave de menor porte, pude observar que quase toda Espanha estava coberta de neve. O mesmo se passava em Portugal, todo o norte do país estava coberto com um espesso e lindo manto branco.
Como é linda minha pátria amada! Como é linda a cidade do Porto, capital do norte de Portugal, vista lá do alto!
Era meio-dia, hora portuguesa, quando o avião aterrissou no aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto.
Em breve, o regresso à cidade maravilhosa.
Ana Flor do Lácio (03/12/2010)