O GOLPE DO SORTEIO
Eu imaginava que a maioria das pessoas soubesse pelo menos assinar o nome; jamais acreditei que houvesse tantas pessoas gananciosas a ponto de se deixarem enganar por um e-mail ridículo disparado por quem deseja implantar vírus ou praticar golpes.
Quando eu assisto algo ligado ao crime virtual, como os golpes infantis do bilhete premiado, da conta corrente milionária disponível ou das compras de carros por preços mórbidos, juro que imaginava que as vítimas eram em maioria analfabetas e portadoras de uma humildade tão franciscana que nada se podia comparar, mas eu tenho certeza, somente hoje, que estava enganado a respeito desta gente.
De algum lugar, algum criminoso amador, colheu o número de meu rádio Nextel e o pôs numa carta ridícula e a enviou para muitas pessoas através de mensagem eletrônica. Pelo que deu para saber, na carta um tal de Renato Teixeira afirmava que o depósito de algo relacionado a motos Yamaha já havia sido efetuado na conta corrente do destinatário da mensagem. Também pelo que deu para colher, estes remetentes teriam que confirmar os dados bancários e em seguida ligar para o número Nextel.
Pode parecer inacreditável, mas centenas de pessoas ignóbeis, mentalmente perturbados e portadores claros de usura e estelionatários, ligaram para este número Nextel para pedirem informações; e não imaginem que foram pessoas incultas, não! Muitas se identificaram como advogados, servidores públicos e comerciantes; em algumas ligações deu para perceber um grau maior de escolaridade, mas é a prova viva de que nem sempre quem estuda aprende!
De meu ponto de vista, quem enxerga vantagem na coisa claramente ilícita é tão criminoso quanto quem a idealiza ou faz utilização profissional deste artifício. Esta história de “achado não é roubado” é medíocre e falsa. Se alguém deposita algo em sua conta por engano ou erro, caso perceba, o usuário do sistema bancário tem por obrigação procurar saber do que se trata e devolver o valor depositado e não criar uma idolatria na coisa alheia.
Se eu não tenho nenhum negócio com a Yamaha e nem sei quem é Renato Teixeira (salvo o brilhante compositor), para que cargas d’água; irei abrir tal e-mail? Será mesmo que ninguém não já ouviu falar deste tipo infantil de golpe; quando você abre a mensagem se instala vírus em seu computador ou ainda dos golpes em que as pessoas se aproveitam para colher seus dados bancários e praticar crimes de desvio de recursos? Acho pouco provável que não!
Se por algum acaso esta mensagem chegar a um dos milhares de curiosos das mensagens da Yamaha que tem alguma relação com rádio Nextel e o nome Renato Teixeira, por favor; façam-me “uma garapa”! Vão trabalhar; lavar uma trouxa de roupas, servir um dia num asilo ou algo parecido! Utilizem seus tempos livres para a prática do normal ou da caridade e não povoem suas cabeças com tantos disparates! Qualquer hora destas, você poderá estar participando de uma cena policial e responder inquérito!
É triste, lamentável e desprezível ainda observarmos que existam tantas pessoas com mentalidade similares à de um asno selvagem, porque os domesticados conseguem ser mais inteligentes. E para os que receberam a dita mensagem e outras que ainda virão, de todas as naturezas, denunciem a polícia, liguem para a parte idônea, que muitas vezes são bancos ou fábricas; relacionem tudo que ocorrera e espalhem o quanto puderem para que cada vez mais os usurados e gananciosos abram os olhos!
Minhas palavras podem ser duras demais, mas é o único jeito de desabafar de forma que todos compreendam...! Quem acredita num e-mail como o citado, com certeza, acredita em Papai Noel, Gnomos e na Fada Madrinha e este é meu medo, o que estar vivendo perto de pessoas com estas crenças!
Carlos Henrique Mascarenhas Pires