Não olhe para minha deficiência, olhe para mim!

Você olha somente para minha deficiência, olhe para mim! Não sou diferente dos outros, por que minhas pernas paralisaram, tenho meus recursos que me ajudam me locomover, tenho meu cérebro que me faz pensar e me orienta, meus olhos, com eles contemplo a natureza, também posso olhar para você.

Tenho meus ouvidos, posso ouvir sua voz, o canto dos pássaros, tenho minha boca, posso conversar com você, e ainda cantar em voz alta que amo a vida; e dizer a todo mundo que me sinto feliz.

Tenho também meus sentimentos, neles sinto o desejo de viver e de poder amar você, tenho minha sensibilidade e fico magoado, quando você não olha para mim, fico triste quando você tem pena de mim, mas com meu sorriso te perdôo quando você me despreza.

Com tudo isto te compreendo, talvez não tenha culpa de agir assim é herança de seus antepassados, a educação de seus pais, ou da própria sociedade: eu sei que ninguém nasce com preconceitos, ódio e egoísmo, estes sentimentos são “transmitidos,” ensinados.

Talvez dentro de você falta a coragem de compreender as limitações de seus semelhantes, talvez você ainda não olhou “para os lados e para trás, apenas para frente” esquecendo que as fatalidades, não só acontecem com os outros, por estes motivos ainda não conseguiu olhar para mim, ainda não se libertou de alguns conceitos da sociedade.

Se preocupa com que outras pessoas dizem e ainda tem vergonha de olhar pra mim, neste momento que tento mostrar a você quem sou, quem sabe consiga olhar pra mim e perceber que sou igual a você, tenho as mesmas necessidades e tenho os mesmos sentimentos, os mesmos direitos de desfrutar da vida.

As mesmas alegrias, muitas vezes as mesmas tristezas e mesmo assim, insistem em ter pena de mim.

Quero apenas que você olhe para mim e me dê a oportunidade para caminhar com você e conquistarmos juntos os mesmos objetivos, que nada mais é, o direito de viver com dignidade.

Pensamentos

José Deoclécio de Oliveira

José Deoclécio de Oliveira
Enviado por José Deoclécio de Oliveira em 06/12/2010
Reeditado em 26/01/2020
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