Nossa insegurança está alem do tráfico, está no social e no humano, ou melhor, no desumano
Por uns momentos sinto vergonha em escrever. A sociedade está tão conturbada que os desvios atrás de ganhos fáceis passam a corromper cada vez mais nossos irmãos. Não bastassem os desvios de corrupção, tanto ativas quanto passivas, que aos poucos se infiltra cada vez mais profundamente em nossa sociedade, o crime organizado, máfias, narcotráfico e contrabando, fraudes e milícias passam um ar de terror a vida existencial.
A pobreza assola a milhões. A miséria, o desemprego e o sub-emprego são cada vez mais coisas comuns. Não me venham com a possibilidade de elevação de classes. De forma disfarçada vivemos em uma sociedade onde incrivelmente parte da população está afogada em uma casta dos abandonados, e onde uma outra parte da população está formosa na casta dos abastados. Para uns o direito, a liberdade e alguma impunidade, para outros os deveres, as cobranças, o peso da lei, o abandono e as carências sociais. Ninguém em sã consciência, que tivesse um ganho familiar minimamente digno moraria em favelas. São estas mesmas pessoas que são as empregadas domesticas, motoristas, são os fazem de tudo nas nossas empresas, desde o café, até limpar os banheiros, e eles não fazem isto por que gostam ou por que querem, e simplesmente porque só sobrou isto para eles. Não que sejam empregos indignos, mas são empregos que pagam quase nada. Um povo sofrido e abandonado que movimentam calado nossa economia para que alguns de nós possa levar uma vida de abastados.
É obvio que pessoas sérias moram em favelas, mas moram por pura necessidade, por impossibilidade de alçarem vôos por lares melhores. As favelas não podem ser sinônimo de marginalidade e muito menos de terror. O problema é que a ausência do estado, aliado a uma enorme carência social, educacional, alimentar, cultural e até certo ponto mesmo de valores humanos, que acabam passando cada vez mais ao largo, quanto maior for a favela, e quanto maior for a carência e o abandono social a que estejam inseridas.
A maior parte de nossa sociedade acaba sendo conivente com esta situação, seja por omissão, por interesse ou por medo de se expor.
Vamos tentar ser um pouco realista. O pobre não é um grande consumidor de drogas, pois não possui dinheiro para isto. Se alguns consomem drogas, é em baixo volume. A venda de grandes volumes desta droga com certeza vai para as classes médias e altas. Quantas festas de “granfino” são movidas a drogas. Quantos universitários, gente da sociedade, pessoas públicas, empresários ou mesmo esportistas não acabam envolvidos em ambientes onde a droga circula com boa liberdade.
Temos que prender os traficantes? É claro que sim. Mas temos que agir também em outras frentes da logística de distribuição e do consumo. Temos que enquadrar categoricamente os maiores consumidores de quaisquer tipos de drogas também. Por outro lado temos que evitar e entrada no Brasil e no Rio destas drogas. Temos que trabalhar com inteligência, desbaratando toda a logística envolvida com o recebimento, o estoque e a distribuição destas drogas.
Mas o crime não é só tráfico. Reduzir o crime ao tráfico é uma falaciosa e intencional forma de minimizar o crime. Quantos já tiveram seus carros roubados, foram seqüestrados, foram estuprados, foram assaltados ou furtados. Quantos morreram nas mãos de criminosos e que não havia ligação com o tráfico. Quantos crimes de elite, de colarinho branco foram praticados.
Existe uma linha do crime que existirá mesmo independente das drogas.
Se observarmos o exemplo recente do Haiti, onde o estado de pobreza e abandono social acaba sendo maior que no Brasil, o crime não estava ligado as drogas.
Enquanto não melhorarmos as condições econômicas e sociais desta multidão de pobres e mesmo de miseráveis, enquanto não elevarmos a disponibilização do estado à toda a população, o crime encontrará um ambiente que continuará corrompendo pessoas.
É óbvio que o crime existe também nas classes média e alta, e deve ser tratado com o mesmo peso e rigor, ou até mesmo com mais rigor, posto que a sociedade foi mais benevolente para com ele.
Agressões, corrupções, fraudes e desvios financeiros devem ser punidos com exemplar rigor, mais rigoroso quanto mais elevada for a condição social do praticante, e com fortes agravantes quando envolvendo diretamente ou indiretamente o poder público.
Prender ou eliminar marginais é premente, mas nada resolve, apenas melhora, somente uma ação forte no nível social, econômico e educacional poderá melhorar nossa realidade.
Chega de ser o pais do futuro, temos que fazer acontecer o pais do presente.
Por uns momentos sinto vergonha em escrever. A sociedade está tão conturbada que os desvios atrás de ganhos fáceis passam a corromper cada vez mais nossos irmãos. Não bastassem os desvios de corrupção, tanto ativas quanto passivas, que aos poucos se infiltra cada vez mais profundamente em nossa sociedade, o crime organizado, máfias, narcotráfico e contrabando, fraudes e milícias passam um ar de terror a vida existencial.
A pobreza assola a milhões. A miséria, o desemprego e o sub-emprego são cada vez mais coisas comuns. Não me venham com a possibilidade de elevação de classes. De forma disfarçada vivemos em uma sociedade onde incrivelmente parte da população está afogada em uma casta dos abandonados, e onde uma outra parte da população está formosa na casta dos abastados. Para uns o direito, a liberdade e alguma impunidade, para outros os deveres, as cobranças, o peso da lei, o abandono e as carências sociais. Ninguém em sã consciência, que tivesse um ganho familiar minimamente digno moraria em favelas. São estas mesmas pessoas que são as empregadas domesticas, motoristas, são os fazem de tudo nas nossas empresas, desde o café, até limpar os banheiros, e eles não fazem isto por que gostam ou por que querem, e simplesmente porque só sobrou isto para eles. Não que sejam empregos indignos, mas são empregos que pagam quase nada. Um povo sofrido e abandonado que movimentam calado nossa economia para que alguns de nós possa levar uma vida de abastados.
É obvio que pessoas sérias moram em favelas, mas moram por pura necessidade, por impossibilidade de alçarem vôos por lares melhores. As favelas não podem ser sinônimo de marginalidade e muito menos de terror. O problema é que a ausência do estado, aliado a uma enorme carência social, educacional, alimentar, cultural e até certo ponto mesmo de valores humanos, que acabam passando cada vez mais ao largo, quanto maior for a favela, e quanto maior for a carência e o abandono social a que estejam inseridas.
A maior parte de nossa sociedade acaba sendo conivente com esta situação, seja por omissão, por interesse ou por medo de se expor.
Vamos tentar ser um pouco realista. O pobre não é um grande consumidor de drogas, pois não possui dinheiro para isto. Se alguns consomem drogas, é em baixo volume. A venda de grandes volumes desta droga com certeza vai para as classes médias e altas. Quantas festas de “granfino” são movidas a drogas. Quantos universitários, gente da sociedade, pessoas públicas, empresários ou mesmo esportistas não acabam envolvidos em ambientes onde a droga circula com boa liberdade.
Temos que prender os traficantes? É claro que sim. Mas temos que agir também em outras frentes da logística de distribuição e do consumo. Temos que enquadrar categoricamente os maiores consumidores de quaisquer tipos de drogas também. Por outro lado temos que evitar e entrada no Brasil e no Rio destas drogas. Temos que trabalhar com inteligência, desbaratando toda a logística envolvida com o recebimento, o estoque e a distribuição destas drogas.
Mas o crime não é só tráfico. Reduzir o crime ao tráfico é uma falaciosa e intencional forma de minimizar o crime. Quantos já tiveram seus carros roubados, foram seqüestrados, foram estuprados, foram assaltados ou furtados. Quantos morreram nas mãos de criminosos e que não havia ligação com o tráfico. Quantos crimes de elite, de colarinho branco foram praticados.
Existe uma linha do crime que existirá mesmo independente das drogas.
Se observarmos o exemplo recente do Haiti, onde o estado de pobreza e abandono social acaba sendo maior que no Brasil, o crime não estava ligado as drogas.
Enquanto não melhorarmos as condições econômicas e sociais desta multidão de pobres e mesmo de miseráveis, enquanto não elevarmos a disponibilização do estado à toda a população, o crime encontrará um ambiente que continuará corrompendo pessoas.
É óbvio que o crime existe também nas classes média e alta, e deve ser tratado com o mesmo peso e rigor, ou até mesmo com mais rigor, posto que a sociedade foi mais benevolente para com ele.
Agressões, corrupções, fraudes e desvios financeiros devem ser punidos com exemplar rigor, mais rigoroso quanto mais elevada for a condição social do praticante, e com fortes agravantes quando envolvendo diretamente ou indiretamente o poder público.
Prender ou eliminar marginais é premente, mas nada resolve, apenas melhora, somente uma ação forte no nível social, econômico e educacional poderá melhorar nossa realidade.
Chega de ser o pais do futuro, temos que fazer acontecer o pais do presente.