ABASTARDAR O IDIOMA?

É inegável a dificuldade para expressar-se em termos idiomáticos corretos, face o abastardamento que se vem dando à língua portuguesa nos dias atuais.

Chegam uns ao ponto de desejarem criar novo idioma, outros, querendo simplificar, complicam ainda mais ao inventar, freqüentemente, novas regras ao vernáculo...

Por esta razão, os autores amantes do puro idioma, vêem-se, muitas vezes, criticados, conceituados como fora de moda...

Porém, é preciso entender: o que é superior jamais deixará de ser importante em literatura, mesmo que seja para um reduzido número de cultores da sublime arte de escrever.

Se todos os escritores derem feição trivial aos seus trabalhos, é de se perguntar: "Quando é que o povo irá aprender; irá conhecer a riqueza vocabular de nosso idioma?"

E imperioso, todavia, ver que o que é vulgar, por certo, logo cai no esquecimento e, portanto, nunca se pereniza...

Fato contrário ocorre com o que é egrégio; senão vejamos: Quem é que se lembra, por exemplo, dos escritos de um Fulano de Tal, que fez sucesso com literatura simplória, há uns trinta anos?...

Entretanto, qual o estudante primário que, pelo menos, não ouviu falar de Machado de Assis, José de Alencar, Olavo Bilac, Castro Alves, Humberto de Campos e tantos e tantos outros?

E eles em tempo algum cairão no esquecimento, não obstante o passar dos séculos...

E ainda pode-se indagar: será que se hoje aqui vivessem, para cair no gosto da maioria, rebaixariam o linguajar ao nível da mediocridade, da falsa cultura?

Parece-me que isso não aconteceria, em qualquer época, pois quem se acostumou ao clássico, ao belo, dificilmente abandoná-lo-á, inclusive numa permuta tão incoerente...

Em suma, bem diz o ditado: nem tanto ao mar nem tanto à terra!

Por isso, penso que aqueles que possuem grande cabedal de conhecimento do vocabulário usem-no, com parcimônia é claro, para não assustar o vulgo. De resto, os bons dicionários estão aí para serem compulsados, do contrário, melhor queimá-los todos, e seja o que ignorância travestida de cultura quiser...

PEDRO CAMPOS
Enviado por PEDRO CAMPOS em 06/12/2010
Código do texto: T2656233
Classificação de conteúdo: seguro