ENCONTRO NO ELEVADOR LACERDA

        Hoje, dia 05 de dezembro de 2010, um daqueles domingos quentes de um verão que se faz anunciar na bela Salvador. Como bom soteropolitano que sou, visitei o nosso Centro Histórico, mais precisamente fui saborear o conhecido sorvete da Cubana e contemplar a paisagem deslumbrante da Baía de Todos os Santos a partir da sacada da Praça Municipal ao lado do nosso imponente e famoso Elevador Lacerda, cartão postal da cidade dos mais difundidos mundo afora.

        O dia já vivenciava o seu ocaso e, cintilante, refletido no imenso mar que se descortinava aos meus olhos, o senhor Sol se recolheu mansamente, proporcionando um espetáculo de rara beleza que deixa qualquer cidadão que, como eu o fazia naquele momento, ali estivesse detido na apreciação da paisagem, deslumbrado.

        Já eram umas 18 horas, por aí, e, sendo um domingo, entendia eu que o movimento de pessoas continuasse tranqüilo porque era um dia em que não havia expediente bancário, comercial ou das repartições públicas, rotina que movimentava e enchia de gente nos dias de segunda a sexta as dependências do Lacerda. Eis que, de repente, juntando-se ao vai e vem de turistas, algo normal e rotineiro naquele local, lentamente, notei que o movimento começou a crescer e foi tomando um grau de agitação híbrida e colorida muito curiosa.

        Por um lado, o da subida do elevador bem ao lado da sorveteria, um contingente de pessoas, de roupas nas cores do nosso querido Estado da Bahia (azul, vermelho e branco), chegava feliz e ruidoso ao topo do elevador, cantarolando músicas adaptadas que traziam como motivo de comemoração uma difícil subida, porém, gratificante e desafiadora, mostrando que ali estavam pessoas retornando ao seu local de origem que, por causa desses acidentes que ocorrem na vida, estiveram na parte de baixo injustamente, mas, sempre trazendo interiormente um orgulho difícil de ser traduzido em palavras, de que o dia volta tardava, mas, chegaria.

        Por outro lado, no da descida do elevador, observei, também lentamente, um fluxo nervoso e inverso do que narrei anteriormente, ou seja, pessoas chegando com destino à parte baixa do elevador. Traziam no semblante um ar triste e melancólico, mas, resignado, como se estivessem conscientes de que estavam indo para o lugar adequado às suas características, pois, se tratava de uma questão de merecimento. Afinal, sentiam-se um peixe fora d’água na parte de cima e retornavam a um lugar que, também por esses acidentes que acontecem, do qual não deveriam ter saído, pois, era condizente com a sua história. Para não esquecer todos os detalhes, essas pessoas vestiam as cores rubras e pretas, mais conhecidas como rubro-negras.

        Assim, registrou-se na minha memória mais um “episódio” pitoresco da nossa antiga Cidade da Bahia, hoje conhecida como Salvador, aquele que se transformou no Encontro no Elevador, tão cantado nos últimos tempos por uma nação que se autodenomina NAÇÃO TRICOLOR. E ela não cansa de cantar:

UH! UH! ELEVADOR! DESCE O RUBRO-NEGRO E SOBE O TRICOLOR!

        Esta é uma historinha que, a partir do meu imaginário, fiz para deleite dos meus amigos torcedores do glorioso ESPORTE CLUBE BAHIA, mais conhecido popularmente como BAHHHÊÊÊAAA, adorado e amado por uma verdadeira legião de seguidores, uma verdadeira nação azul, vermelha e branca, que canta: BAHHHÊÊÊAAA, BAHHHÊÊÊAAA, BAHHHÊÊÊAAA!


Em 05/ 12/2010
Marcelo Nunes Dantas
Enviado por Marcelo Nunes Dantas em 05/12/2010
Reeditado em 05/12/2010
Código do texto: T2655281
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