O hibernar literário

Faz dias que não escrevo. São quase dez dias sem preencher uma única linha. Não consigo me concentrar.

Tentei incansavelmente semana passada produzir um texto, minha esposa até começou a me elogiar, mas não o concluí. Não vi razão para que o mesmo continuasse vivo e fui logo “deletando” e acabando com o sucesso que este texto poderia atingir se o concluísse e o mesmo fosse publicado. E olhem que havia tantos assuntos, mas não queria gastar minhas balas com assuntos corriqueiros, banais, que os leitores, adeptos do televisor e das linhas apresentadas pela internet, estavam cansados de ler e ouvir.

O Rio de Janeiro teve os seus morros invadidos pela polícia, numa brilhante ação demonstrando que quando o poder público resolve agir não há brechas para líderes do mal tentar impor o seu poder, e não escrevi. Poderia perpassar pelo campo sociológico, apresentar os aspectos psicológicos e terminar analisando os detalhes lingüísticos, mas não... preferi manter-me sóbrio e não cair em tentação ao escrever o texto. É que quando escrevo deixo-me levar pelas emoções, as linhas surgem em função de meu estágio onírico. Saio deste corpo e sou levado pelas linhas muitas vezes surrealista que incorporam meus textos.

Alguns artistas tiveram os seus casamentos desfeitos, outros se casaram, mas a minha linha não é esta, deixo estes textos polêmicos para aqueles que não sabem escrever e que vivem do mundo das fofocas para proverem os seus escritos.

Hoje saio desta reclusão, ligo o computador, sei que não é o texto ideal como o produzido por Rubem Braga, mas escrevo sem medo de ser feliz, ter as minhas letras manifestas e lidas por outros. Confesso estar feliz.

Sergio Santanna
Enviado por Sergio Santanna em 05/12/2010
Código do texto: T2655237
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