101 coisas para fazer antes de comprar um avião novo
Recebi um recado que o Belarmino queria falar comigo. A mensagem: "Seu Nirsso, quando puder me ligue de vorta". Estranhei, pois nunca imaginei o Belarmino usando um celular e muito menos sabendo deixar recado, coisa que às vezes eu ainda me embanano.
Vesti a fantasia de Nilsson e ao invés de "ligar de vorta" fui até o sitio onde ele trabalha, bem aqui perto.
- Que bom revê-lo, Belarmino, em que posso ajudá-lo?
- Seu Nirsso, me exprica pru que qui o prisidenti tá falano di novo em comprá um avião? Si num me ingano, fais poco tempo que o tar de aerolula foi comprado, nemess?
- Ah, Belarmino, Você sempre preocupado com essas coisas incompreensíveis que envolvem a política. Eu já tentei entender e desisti há muito tempo.
- Mais seu Nirsso, isso num tem nada avê cum política. É o nosso dinheirim que tá em jogo. Querdito que é uma questã di prioridadi. Gastá 250 milhão cum avião si o otro inda tá istalano di novo?
- Dizem que é para que a futura Presidente possa viajar até a Asia sem escala, evitando a "humilhação" de parar na Europa ou nos Estados Unidos para reabastecer.
- Umilação? Pur acaso é umilante ficá 2 o 3 hora tomano champanhi i comeno caviá numa sala confortavi de aeroporto, antes de seguí viaje? Acho que ai tem coisa, seu Nirsso...
Só para provocar, perguntei ao Belarmino o que ele faria com esses 250 milhões ao invés de comprar um novo avião.
- Uai, tem pelo menos 101 coisa que eu fazia antes: prá começá, eu usava esse dinheiro prá equipá os hospitar púbrico, prá que nóis num visse mais na televisão doente deitado no chão ou nos corredor pru farta de vaga. O prá investi em maternidade, prá mode evitá morte di criança pru farta de ingieni o de UTI prediática. O prá construi iscola, comprá ônibus siguro prá transportá istudanti qui morri nessas istrada mar cuidada, o dava um jeito nas istrada. Tem pelo meno otras 97 coisa que eu fazia coessa dinherama antes de comprá um avião novo.
- Mas Você tem que entender que as coisas não são assim tão simples. A escolha de prioridades leva em conta outros critérios, muito mais complexos.
- Seu Nirsso, qualé critério que divia di se levado in conta pelo prisidenti? num tá no arto da lista satisfazê as necessidade básica das pessoa?
Cá entre nós, acho dificil discordar do Belarmino, nemess?
(esta crônica foi inspirada/discaradamente copiada de um artigo homônimo publicado hoje na Gazeta do Povo, de autoria do meu amigo e grande professor Belmiro Valverde Jobim Castor, que entre mais de 101 outras coisas, escreveu o livro "O Brasil não é para amadores" que recomendo)
Recebi um recado que o Belarmino queria falar comigo. A mensagem: "Seu Nirsso, quando puder me ligue de vorta". Estranhei, pois nunca imaginei o Belarmino usando um celular e muito menos sabendo deixar recado, coisa que às vezes eu ainda me embanano.
Vesti a fantasia de Nilsson e ao invés de "ligar de vorta" fui até o sitio onde ele trabalha, bem aqui perto.
- Que bom revê-lo, Belarmino, em que posso ajudá-lo?
- Seu Nirsso, me exprica pru que qui o prisidenti tá falano di novo em comprá um avião? Si num me ingano, fais poco tempo que o tar de aerolula foi comprado, nemess?
- Ah, Belarmino, Você sempre preocupado com essas coisas incompreensíveis que envolvem a política. Eu já tentei entender e desisti há muito tempo.
- Mais seu Nirsso, isso num tem nada avê cum política. É o nosso dinheirim que tá em jogo. Querdito que é uma questã di prioridadi. Gastá 250 milhão cum avião si o otro inda tá istalano di novo?
- Dizem que é para que a futura Presidente possa viajar até a Asia sem escala, evitando a "humilhação" de parar na Europa ou nos Estados Unidos para reabastecer.
- Umilação? Pur acaso é umilante ficá 2 o 3 hora tomano champanhi i comeno caviá numa sala confortavi de aeroporto, antes de seguí viaje? Acho que ai tem coisa, seu Nirsso...
Só para provocar, perguntei ao Belarmino o que ele faria com esses 250 milhões ao invés de comprar um novo avião.
- Uai, tem pelo menos 101 coisa que eu fazia antes: prá começá, eu usava esse dinheiro prá equipá os hospitar púbrico, prá que nóis num visse mais na televisão doente deitado no chão ou nos corredor pru farta de vaga. O prá investi em maternidade, prá mode evitá morte di criança pru farta de ingieni o de UTI prediática. O prá construi iscola, comprá ônibus siguro prá transportá istudanti qui morri nessas istrada mar cuidada, o dava um jeito nas istrada. Tem pelo meno otras 97 coisa que eu fazia coessa dinherama antes de comprá um avião novo.
- Mas Você tem que entender que as coisas não são assim tão simples. A escolha de prioridades leva em conta outros critérios, muito mais complexos.
- Seu Nirsso, qualé critério que divia di se levado in conta pelo prisidenti? num tá no arto da lista satisfazê as necessidade básica das pessoa?
Cá entre nós, acho dificil discordar do Belarmino, nemess?
(esta crônica foi inspirada/discaradamente copiada de um artigo homônimo publicado hoje na Gazeta do Povo, de autoria do meu amigo e grande professor Belmiro Valverde Jobim Castor, que entre mais de 101 outras coisas, escreveu o livro "O Brasil não é para amadores" que recomendo)