A Velhice Não É Doença
Hoje em dia há pessoas que têm o terrível medo de envelhecer, dizem que não tem, mas quando vai chegando aquele momento fatídico, em que se olha no espelho e vê seus cabelos embranquecerem, os pés de galinhas nos cantos dos olhos, as papadas dos olhos, as marcas de expressão mais videntes, os peitos caídos, correm rapidamente para plástica.
Alguns se esticam tanto que acabam ficando irreconhecíveis. Não sou contra a vaidade, mas sou contra a vaidade ao extremo. Sem generalizar, algumas pessoas quando passam dos cinqüenta, começam sentir na pele o que é envelhecer e, aceitar a própria idade parece ser uma coisa difícil para alguns, outros antes mesmo dos sessenta já se sentem velhos.
A velhice não é doença. Ao contemplarmos, por exemplo, um velho arqueado, passos tropeços, o rosto inteiramente enrugado, a cabeça nevada pelo rigor dos anos algumas pessoas sentem uma espécie de temor ou de desânimo a invadir-lhe a alma.
A velhice não é motivo de tristeza, isso se não for abandonada ou arruinada por constantes padecimentos,como aqueles que envelhecem na pobreza e sem lar, que é obrigada a estender a mão á caridade pública ou a recolher-se a um fundo albergue, esses são, na verdade, dignos de lástima, pois sofrem as conseqüências de um destino ingrato.
Porém aqueles que atingem a curva da existência humana com um sorriso ainda nos lábios, são abençoados com carinho e ternura. Envelhecer é sentir a velhice fincada mais dentro da alma do que no corpo malhado ou no rosto esticado. Como diz: Hermann Hessa...
“Assim como é bela a juventude, a época de efervescência e das lutas, a velhice e a maturidade também possuem seus encantos e alegrias. (…) As pessoas (ao envelhecer) vão pouco a pouco deixando de cometer algumas tolices; conquistando a fama e a honestidade, começam a olhar para trás, encarando as próprias vidas com imparcialidade. Aprendem a esperar, a calar e a ouvir. (Um dos benefícios) é a camada protetora, feita de esquecimento, cansaço e afeição, que se cria entre nós e nossos problemas e nossas mágoas. (…) A velhice nos faz desprezar muita coisa”.
15/10/2006